São Paulo, domingo, 9 de janeiro de 1994
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Subcomissões devem propor novas cassações

RUDOLFO LAGO
LUCIO VAZ

LUCIO VAZ; RUDOLFO LAGO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As subcomissões de Bancos e de Subvenções já decidiram incluir em seus relatórios finais a proposta de cassação de 11 parlamentares. Quatro deles estão nas listas das duas subcomissões. A lista poderá ainda ter mais sete nomes. A Subcomissão de Emendas não vai propor cassações, mas indicará o nome dos 24 parlamentares que formaram o núcleo de poder na Comissão de Orçamento nos últimos nove anos.
Quatro dos integrantes deste núcleo, os deputados João Alves (sem partido-Ba), Genebaldo Correia (PMDB-BA), José Geraldo (PMDB-MG) e Cid Carvalho (PMDB-MA), terão a cassação proposta pelas subcomissões de Bancos e de Subvenções. A cassação do senador Ronaldo Aragão (PMDB-RO), também integrante do núcleo de poder, será proposta pela Subcomissão de Subvenções.
A Subcomissão de Bancos vai propor ainda a cassação dos deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Manoel Moreira (PMDB-SP), que não são citados pelas subcomissões de Subvenções e de Emendas. Os dois deputados apresentam movimentação bancária e variação patrimonial acima dos seus padrões salariais.
Cinco deputados que não são citados pelas comissões de Bancos e Emendas terão a cassação proposta pela Subcomissão de Subvenções: Fábio Raunhetti (PTB-RJ), Féres Náder (PTB-RJ), João de Deus Antunes (PPR-RS), Raquel Cândido (PTB-RO) e Francicso Diógenes (PPR-AC) desviaram recursos públicos liberados para supostas entidades de assistência social, apurou a comissão.
João Alves foi o parlamentar mais poderoso na Comissão do Orçamento. Comandava a liberação de verbas da subvenção social e fechava o Orçamento em contato direto com as empreiteiras. Movimentou US$ 51 milhões nos últimos cinco anos.
Ibsen Pinheiro é o parlamentar mais conhecido entre os envolvidos. Ele não explicou a movimentação bancária de US$ 2,3 milhões e nem a compra de um apartamento em novembro de 90 (US$ 40 mil de entrada), quando o seu dinheiro estava bloqueado pelo Plano Collor.
No período em que integrou o núcleo de poder da Comissão de Orçamento, Genebaldo Correia movimentou US$ 2,4 milhões e adquiriu um patrimônio de US$ 1,5 milhão. A sua renda como parlamentar neste período foi de US$ 350 mil. Disse à CPI que a sua renda era fruto de "contribuições de campanha", o que caracteriza crime eleitoral.
José Geraldo destinou US$ 265 mil para três entidades assistenciais que funcionam no mesmo endereço de suas empresas, a Engesolo e a RLMG. A Subcomissão de Bancos identificou seis cheques que fazem a ligação entre as entidades e as empresas de José Geraldo.
Cid Carvalho recebeu um cheque da empresa Mendes Júnior, no valor de US$ 4 mil. Também liberou recursos para entidades de Imperatriz (MA) que cometeram irregularidades na gestão das subvenções. Manoel Moreira movimentou US$ 2,4 milhões e adquiriu um patrimônio imcompatível com a sua renda.
Entidades administradas por familiares de Raunhetti receberam US$ 14,9 milhões de subvenções nos últimos cinco anos. Féres Náder enviou recursos para as mesmas entidades. O deputado João de Deus ficou com US$ 7 mil destinados à Ação Social Evangélica. Francisco Diógenes desviou cerca de US$ 50 mil destinados à Fundação Francisco Diógenes. Deveria construir três escolas. Construiu uma. Raquel Cândido desviou recursos enviados à Fundação Eva Cândido.

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