São Paulo, domingo, 9 de janeiro de 1994
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Otimismo ganha sua vez

NILTON HORITA
DA REPORTAGEM LOCAL

A porta ainda não abriu, mas de uma hora para outra o otimismo voltou a bater na casa dos agentes econômicos. Percebe-se que a inflação não vai explodir, os juros caíram, as Bolsas subiram sem parar, o paralelo está com preço menor que o comercial e a negociação do ministro Fernando Henrique com o Congresso está bem encaminhada.
Os bancos deixaram de comprar BBCs do Banco Central por três semanas, mas o sistema recomeça o expediente amanhã com o mesmo estoque de títulos federais de um mês atrás: US$ 31,7 bilhões.
Insistindo na venda de lotes diários de cerca de US$ 700 milhões de NTNs cambiais com prazo de 30 dias aos bancos, o BC conseguiu voltar à situação anterior. Só que isto criou um enigma: pela primeira vez na história da política monetária, praticamente metade dos papéis da dívida pública está indexada à variação do dólar.
O mercado compra este papel porque o dinheiro está sobrando e queima na mão dos bancos e o título tem prazo curto. Os BBCs perderam participação na composição da dívida federal e representam US$ 5 bilhões.
Esta mudança de comportamento mostra que, como sempre, o mercado exagera quando é pessimista. Em reunião fechada na sede do Banco Central, sexta-feira passada, entre o diretor de Política Monetária, Francisco Pinto, e representantes do Citibank, Holandês, Safra, BMC, Boston e ABC Roma, os assuntos foram gerais e o clima cordial.
Francisco Pinto esclareceu várias dúvidas que estão na cabeça dos participantes do mercado. Disse que as BBCs não deixarão de ser vendidas, ou seja, não há a intenção de simplesmente trocar estes papéis pelas NTNs cambiais.
Garantiu aos presentes que o BC continua mantendo sua política de juros reais em relação à inflação que ele perceber. E levantou a questão da TR.
Como fica a TR na passagem da segunda para a terceira fase do programa de estabilização, se a implantação da URV como indexador acabar com a demanda por CDBs?
Nesta hipotética situação, explicou Francisco Pinto, o BC vai definir a variação da TR pela taxa diária do overnight acrescida por um juro real de 1,2%. Voltaria a funcionar o conceito da extinta TRD.
O BC pretende fazer assim para evitar a quebra de contratos já em andamento. Estes assuntos ali tratados mostram que a economia vai mesmo se preparando para a segunda fase do programa econômico.

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