São Paulo, domingo, 9 de janeiro de 1994 |
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O desemprego crônico no Primeiro Mundo
EDUARDO GIANNETTI DA FONSECA
Todos estes fatores, é certo, ajudam a explicar o aumento global do desemprego no âmbito da OCDE. Mas eles não explicam as diferenças observadas quanto à incidência do problema. Afinal, em países como os EUA, Canadá e Japão, a inovação tecnológica, a competição dos países em desenvolvimento e a participação das mulheres estão ocorrendo de forma tão intensa quanto na UE, mas sem provocar nada parecido em termos de aumento do desemprego. Como entender, então, a "moléstia européia"? A conclusão básica a que estão chegando os especialista é que o fraco desempenho da UE no tocante à criação de empregos resulta de fatores institucionais, ligados à organização do mercado de trabalho –muito mais rígido e regulamentado na UE do que no resto da OCDE– e à maneira como são feitas as transferências de renda do Estado do Bem-Estar ao arrecadar encargos e pagar benefícios para os desempregados. Em muitos países europeus, por exemplo, como Alemanha, França e Itália, os custos diretos do trabalho na indústria –aquilo que o trabalhador leva no fim do mês como salário– equivalem a apenas metade do seu custo total para a empresa. Isto reduz o incentivo para o desempregado buscar emprego e para o empregador contratar mão-de-obra. No agregado, o valor total das contribuições e encargos que incidem sobre o trabalho na UE subiu de 34% do PIB em 1970 para 40% atualmente. Nos EUA e Japão ele está em torno de 31% do PIB. O grande paradoxo da "moléstia européia" é que toda a regulamentação e sistema de bem-estar criados com o intuito de proteger os trabalhadores está tendo na prática o efeito oposto –a exacerbação injusta e desnecessária do desemprego crônico. Texto Anterior: Sem explosão Próximo Texto: Política versus economia Índice |
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