São Paulo, domingo, 9 de janeiro de 1994
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Imóvel usado continua sem financimento

DA REPORTAGEM LOCAL

Imóvel usado continua sem financiamento
Alguns proprietários parcelam pagamento em até 12 vezes, com correção pela variação do dólar paralelo
As linhas de financiamento para a compra de imóveis usados são um caminho de acesso interrompido. Apenas a Caixa Econômica Federal (CEF) mantém este tipo de atividade, entre as instituições financeiras. Mesmo assim, somente em modalidades aceitas pela própria CEF, onde os interessados também deverão preencher os requisitos exigidos para financiamento no SFH (Sistema Financeiro da Habitação).
O consultor do setor imobiliário Luís Alvaro Oliveira Ribeiro, da Adviser Consultoria, afirma que o comércio de imóveis usados está desaquecido. "O financiamento é inexistente. As compras à vista são raras. O que se vê hoje são transações com permutas. Pagamentos parcelados existem, mas são feitos mediante acordos informais entre as duas partes", esclarece.
Oliveira afirma que é difícil alguém comprar um imóvel usado com as sobras de salário. "É preciso ter um saldo acumulado durante algum tempo para poder negociar a compra", diz. Neste caso, as partes buscam facilitar o negócio dividindo o preço do imóvel em parcelas que podem chegar até a 12 meses. A correção das mensalidades é feita com base na variação do dólar.
O consultor da Adviser acredita que este quadro não deve mudar tão cedo. Segundo Oliveira, a opção dos bancos para direcionar os recursos das cadernetas de poupança –que são as principais fontes de captação para financiamento da casa própria– está sendo o financiamento da construção de imóveis para lançamento das construtoras.
"O crédito imobiliário dos bancos não quer financiar o comprador final. As construtoras oferecem as garantias exigidas pelas bancos, além de manter a reciprocidade na movimentação de suas contas", diz Oliveira.
No caso da CEF, consegue-se o financiamento quando há transferência da compra. Isto é, quando alguém que já tem um imóvel financiado resolve repassá-lo para outra pessoa interessada. Se, na transferência, houver desembolso de recursos (somente com cobertura do FCVS –Fundo de Compensação de Variação Salarial), a CEF recalcula a prestação, pagando ao vendedor uma parte da entrada e transferindo a dívida ao comprador.

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