São Paulo, domingo, 9 de janeiro de 1994 |
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Africanos adotaram a 'dolarização' em 1948
CLAUDIO GARON
Essa medida conseguiu manter baixa a inflação de Benin, Burkina Fasso, Camarões, Chade, Congo, Costa do Marfim, Gabão, Ilhas Comores, Mali, Níger, República Centro-Africana, Senegal e Togo, mas, nos últimos anos, tem representado um obstáculo ao crescimento econômico e provocado uma forte fuga de divisas rumo ao Primeiro Mundo. A fuga de divisas é estimulada pela perspectiva de desvalorização da moeda, fundamental para manter a competitividade das exportações dos países da CFA. Estimativas apontam uma supervalorização do franco CFA entre 20% e 60%, dependendo do país. Na média, a supervalorização é calculada em 50%. Isso possibilitou aos cidadãos desses países receber em moeda forte em algumas das nações mais pobres do mundo. Segundo a revista "The Economist", um guarda noturno no Togo recebe mais do que um professor universitário na Nigéria. A primeira tentativa de restringir a fuga de divisas foi adotada no último mês de agosto, quando os países da região proibiram a troca da moeda fora da CFA. O franco CFA ainda é trocado livremente, pela mesma taxa, através de canais oficiais dentro da comunidade. Cálculos do governo da Costa do Marfim indicam que 231 bilhões de francos CFA (US$ 873 milhões) foram trocados fora da zona em 1992, contra 153 bilhões em 1990. Até meados da década de 80, o câmbio fixo deu a esses países uma estabilidade financeira desconhecida em outras partes da Africa e garantiu crescimento econômico. Mas, a partir de 1985, a queda no preço dos produtos exportados por esses países e a política francesa de fortalecimento do franco frente ao dólar norte-americano enfraqueceram as economias da CFA, apesar de a inflação continuar baixa. A perda de competitividade dos produtos dos países da CFA se agravou com a decisão de países fora da comunidade e com pautas de exportações semelhantes, como Gana e Nigéria, de desvalorizar suas moedas para estimular as exportações. Uma decisão de desvalorizar o franco CFA, que teria de ser tomada por unanimidade entre os 13 países da comunidade e ter a concordância do banco central francês, vai afetar de forma desigual as economias e põe em risco a própria existência da união –a Comunidade Financeira Africana nunca representou uma união econômica e o comércio entre os países, que poderia ser uma garantia de unidade, é muito pequeno. Posturas nacionalistas levaram o primeiro governo independente do Mali a abandonar a zona do franco no início da década de 60. O governo afirmava que a manutenção dos vínculos com a França e a forma das decisões na CFA violava a soberania do país. Poucos anos depois, em meio a uma crise financeira, o país voltou à zona do franco. Texto Anterior: Empresas no Japão pagam para evitar escânlos Próximo Texto: Rebelião no México pode mudar eleição Índice |
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