São Paulo, domingo, 9 de janeiro de 1994
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Eficiência X emprego

A indústria brasileira passa por importantes mudanças. De um lado, está se tornando mais competitiva, colocando no mercado um produto melhor e mais barato. De outro, está enxugando significamente seu quadro de funcionários, agravando o problema do desemprego no país.
O setor automobilístico ilustra o que está ocorrendo em outras indústrias. O gráfico mostra que a produção está crescendo a passos largos. De fato, as montadoras registraram produção recorde em 93. É verdade que as alíquotas de importação de automóveis ainda são altas (35%), mas é certo também que o setor está respondando, via aumento de produtividade, à maior concorrência.
O gráfico mostra ainda que, apesar do notável aumento da produção, o nível de emprego se manteve constante ao longo do ano. Ou seja, aparentemente há um novo padrão tecnológico que, se de um lado resulta em mais produção e qualidade, de outro gera poucos empregos.
Nesse sentido, deve-se notar que os países que passaram por processos de abertura e modernização da economia estão tendo problemas com o desemprego. O Brasil segue o mesmo caminho.
A comemorar, portanto, o fato da indústria estar enfrentando a competição externa, ainda que com problemas isolados. É positivo também o fato de que os consumidores estão podendo comprar produtos melhores.
A contrapartida, porém, é a perda de postos de trabalho, com todos os problemas sociais que isso acarreta. Continua urgente o desafio de reduzir a miséria e os impactos do desemprego. Mas essa consciência social não deve impedir a modernização. O atraso seria ainda mais devastador tanto para a indústria quanto para trabalhadores e consumidores.

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