São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 1994 |
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Grávida morre no tiroteio
FRANCISCO SANTOS
Sentada na soleira de uma porta, a avó de Kátia chorava. "Meu nome, eu não dou. Isso aqui vai acontecer novamente. Acontece sempre. Eu era gorda e já estou até magra de tanto ver essas coisas. Quando começam só dá tempo de botar as crianças dentro do guarda-roupa", disse. Moradores da favela e membros do grupo de Jorge Luiz afirmaram que Kátia da Conceição e Genilda eram inocentes e morreram quando homens do grupo de Parazão invadiram uma festa de aniversário de criança. Ontem de manhã, recostado em um carro ao lado do local onde estavam agrupados quatro corpos, Erly Azevedo de Souza, 66, observava com ar distante. Ele era pai de Devaílson de Souza, um dos mortos. "Ele nunca trabalhou. Agora que ia começar, dançou", disse. Segundo Souza, Devaílson tinha o segundo ano primário e estava para se empregar em uma empresa de segurança. Uma vez, foi detido por vadiagem. "Não posso dizer que meu filho era santo, mas não sei de nada errado que ele tenha feito", disse. Embora suspeite que todos os mortos eram ligados aos grupos de Jorge Luiz e Celsinho, a polícia não tinha informações suficientes para afirmar isso até o final da tarde de ontem. (FS) Texto Anterior: Guerra entre comandos mata 12 no Rio Próximo Texto: Grupo surge nos anos 70 Índice |
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