São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 1994
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Medicamento antiespinhas promete 90% de eficácia

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma medicação considerada como o tratamento definitivo para as espinhas começou a ser comercializada no Brasil em novembro. Apesar de eficaz em 90% dos pacientes, a nova droga é cara, traz uma série de efeitos indesejáveis, exige controle médico rigoroso (leia texto abaixo) e não pode ser usada por mulheres que pretendem engravidar imediatamente.
Espinhas são um dos maiores "tormentos" para os adolescentes em uma fase em que a aparência é uma preocupação diária. Segundo Mabel Cristina Dias, dermatologista da Clínica Dermatus, 85% dos jovens enfrentam esse problema. Espinhas começam por volta dos 15 anos, têm seu "pico" ao redor dos 18 e duram, em média, até os 25. Algumas pessoas têm que conviver com elas até os 35. A maioria são casos simples que não necessitam de tratamento específico. Casos mais intensos levam a transtornos estéticos e psicológicos e só melhoram com cuidados médicos.
Hormônios sexuais –com liberação aumentada a partir da adolescência– aceleram a atividade das glândulas sebáceas na pele, que passam a produzir mais gordura. A gordura não é totalmente eliminada e acaba entupindo os poros. Essa situação pode provocar uma inflamação e também facilita a proliferação das bactérias que causam a acne.
A nova droga é um derivado da vitamina A (isotretinoína), que aumenta a descamação da pele (facilitando sua limpeza), atrofia as glândulas sebáceas, diminui a produção de gordura, tem efeito antiinflamatório e controla a população bacteriana.
Mabel afirma que os efeitos colaterais mais comuns são olhos e boca com pouca umidificação, pele ressecada, descamação nas palmas das mãos e plantas dos pés, rachaduras no canto dos lábios e queda de cabelo. Esses sintomas são reversíveis e podem ser controlados com a redução da dose ou com uso de paliativos, como hidratantes e colírios.
O ponto crítico do medicamento é o risco de malformação fetal. Anomalias cardíacas no feto e abortamento precoce são os maiores problemas. Toda mulher em idade fértil só pode iniciar o tratamento se estiver certa de que não está grávida (deve descartar a hipótese através de teste) e deve usar algum anticoncepcional enquanto toma a droga. Só pode pensar em engravidar um mês após interromper o tratamento.
O produto está sendo lançado no país com o nome de Roaccutane. O tratamento dura quatro ou cinco meses. Melhoras acontecem a partir do segundo mês. O resultado se mantém mesmo após o final do tratamento. Um terço das pessoas precisa de novo ciclo para garantir um bom resultado. O custo fica ao redor de US$ 300 (CR$ 102 mil) por mês, fora consultas e exames de controle.

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