São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 1994 |
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OS CINCO MIL MOSQUETEIROS DO BRASIL
FILOMENA SAYÃO
"Sou apaixonado pela esgrima. Quando era criança, tive várias espadas de plástico", confessa Rodrigo Pedrosa, 18. Fã de filmes de capa e espada, ele começou aos 11 anos no Esporte Clube Pinheiros. Com o sabre ele foi bicampeão brasileiro cadete (15 a 17 anos). Com o florete, também foi campeão na mesma categoria em 92. Há poucos meses ele começou a jogar com espada, arma mais popular do esporte. "A esgrima mexe muito com a cabeça. Pensar é um fator decisivo", relata Gustavo Prado, 17, que começou em 1989. Gustavo, que acaba de terminar o colegial, joga espada pelo Pinheiros. Participante de campeonatos desde 1990, ele já foi campeão brasileiro em 90 na categoria infantil (até 15 anos) e vice-campeão brasileiro nas categorias infantil e cadete em 91 e 92. A galera da esgrima é unida, apesar de as competições transformarem amigos em adversários. "Nas pistas é uma coisa, mas fora há muito companheirismo", conta Décio Lopes, 19, que joga florete e sabre pelo clube Paulistano. As meninas também marcam pontos nesse esporte. Marina Saade, 16, começou a treinar há seis anos e já tem uma coleção de medalhas. Em abril passado ela ganhou o Campeonato Sul-Americano de Espada na categoria cadete e a Taça Cidade Porto Alegre na categoria livre em espada em agosto passado. Marina é de falar pouco. "A gente treina e tem que ter uma boa colocação." Choro na despedida Ananda Elouf, 16, que treina há dois anos na Federação Paulista de Esgrima, diz que a esgrima altera até seu humor. "Quando a gente está mal ou triste por algum motivo, faz uma aula e o astral melhora", relata. Embora pouco difundida, a esgrima é praticada por cerca de 5 mil adolescentes entre 13 e 20 anos no país, calcula Arthur Cramer, presidente da Confederação Brasileira de Esgrima. Nesse número estão incluídos aqueles que frequentam os colégios Militar e Naval e a Escola Naval (no Rio de Janeiro), locais onde esse esporte é obrigatório. Quando era adolescente, a atriz Giulia Gam jogava esgrima. Ela começou com oito anos no Pinheiros e praticou até os 16 anos. "Chorei muito quando fui me despedir do meu mestre." Hoje, aos 26, ela interpreta a personagem Linda Inês na novela global "Fera Ferida". Quando atuou como Aline na novela "Que Rei Sou Eu", também da Globo, Giulia voltou a treinar no Rio de Janeiro. "Foi interessante porque a esgrima ficou mais popular depois disso." A atriz ainda guarda suas roupas, armas e máscara. "Tenho vontade de voltar, mas isso é inviável por causa da minha carreira", diz. Quem quiser ver de perto a arte da esgrima não perde por esperar. São Paulo vai ser palco de uma das etapas da Copa do Mundo de Espada Feminina, categoria livre (qualquer idade). Espera-se a participação de aproximadamente 50 esportistas de 15 países. O campeonato acontece dias 25 e 26 de fevereiro no Clube Athlético Paulistano. Texto Anterior: Garotos defendem as ofendidas pela música Próximo Texto: Jogo estimula o esgrimista a se conhecer mais a fundo Índice |
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