São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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Rendimento de 50% ao mês derruba o dólar paralelo

DA REPORTAGEM LOCAL

A promessa de ganhar mais de 50% de rendimento atraiu muita gente à poupança ontem. Os bancos registraram movimento acima do normal, mas sem grandes filas. "Ainda não temos os números fechados, mas é visível o crescimento da procura pela poupança", afirmou José Carlos Matsumoto, gerente do Banespa. Outro gerente, que não quis se identificar, disse que foi difícil renovar os CDBs. "Ninguém queria os títulos, só a caderneta."
No Banespa da avenida Paulista apenas um cliente quis depositar mais de CR$ 20 milhões, o limite máximo do banco. Segundo Matsumoto, o valor foi dividido entre caderneta e fundos.
Uma das maiores vítimas do crescimento dos depósitos na poupança foi, com certeza, o mercado paralelo de dólar. Muitos investidores venderam papel estocado e migraram para a caderneta, o que provocou um forte deságio de 4,93% em relação à cotação do comercial. O locador de veículos Jaime de Moura Bastos Neto,33, é um exemplo. Ele desistiu dos dólares e partiu para a poupança: abriu uma conta ontem e deverá abrir outra hoje.
"Resolvi reativar minhas cadernetas adormecidas", disse Fábio Carvalho,34. Investidor em fundo de commodities e dólar, ele começou a destinar 1/3 de seus recursos à poupança.
A febre de poupança fez diversas pessoas adiarem, por um mês ao menos, antigos sonhos de consumo. O professor Gustavo Syllos,25, vai esperar 30 dias para ter o carro zero na garagem. O dinheiro para o Uno Mille foi para a poupança. A empresária de contabilidade Heloisa Matagrano pretendia trocar os móveis da casa há quatro anos e pagar à vista. Com a taxa da poupança, ela parcelou o pagamento. "Ganho mais na aplicação do que no juros da loja."
Com volume crescente de depósitos, o Bamerindus reviu a previsão de depósitos, que passou para CR$ 40 bilhões apenas nessa semana. Em dezembro último, entraram CR$ 56 bilhões na caderneta do banco. (Suzana Barelli)

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sobre poupança e dólar na pág. 2-4

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