São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994
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Acordo branco

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

No meio do TJ Brasil, a correspondente Mônica Waldvogel entrou com uma daquelas descrições simples e tremendamente esclarecedoras, de que é capaz como poucos. "Nem Miguel Arraes, nem Roseana Sarney. Como o depoimento de um implicava o depoimento do outro, prevaleceu o acordo branco entre a esquerda e a direita, no Congresso."
Nem o coronel da esquerda, nem a filha do coronel da direita. E a comissão que iria expor a corrupção no Congresso vai cumprindo o que todos esperavam dela: uma comissão de parlamentares não consegue ir além da superficialidade, ao investigar os próprios parlamentares. Não há impeachment no Congresso, mas retoques de maquiagem em sua corrupção.
CUT podre
Paulo Maluf, Espiridião Amin e Luiz Antônio de Medeiros foram com muita sede ao crime. Passada uma semana, a morte de Oswaldo Cruz perde força como instrumento eleitoral. A fulminante entrada em cena dos inimigos de Lula acabou por ter um efeito contrário ao pretendido. Provocou a sempre temida indiferenciação, deixando o crime para trás.
A tropa de choque lulista trata agora de acentuar a indiferenciação, fazendo com que tudo não passe de disputa eleitoreira. O senador Eduardo Suplicy, como mostrou o Jornal da Record, já está viabilizando uma CPI do financimento de campanhas, para contrapor-se à CPI da CUT. E o segundo escalão petista, de sindicalistas e parlamentares, não sai mais dos programas de televisão.
Mais importante, talvez, os apóstolos da terceira via estão agora querendo distância da guerra malufo-lulista. O líder pefelista Luiz Eduardo Magalhães e o líder tucano José Serra anunciaram ontem que não vão indicar ninguém, às duas comissões citadas, porque não querem ver a partidarização do Congresso, que levaria à perda de credibilidade do próprio mecanismo da CPI.
Quem respira aliviado é Lula. Seus adversários eleitorais, ao exagerarem o envolvimento do partido, acabaram por acobertar um fato inquestionável. "O assassino é da CUT. O morto é da CUT." A descrição do sindicalista Canindé Pegado, no Opinião Nacional, foi precisa. Há algo de podre na CUT. Há algo de podre na maior base do Partido dos Trabalhadores. Foi o que matou Oswaldo.

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