São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994
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Arrastão de torcida assusta lojas

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Tive que pedir reforço armado para evitar que a nossa loja fosse invadida", disse Carlos Alberto dos Santos, segurança da loja de fast-food Arbys da av. Paulista próximo da Frei Caneca. "Eles (os torcedores do Corinthians) passaram rasgando os sacos de lixo, mas a polícia chegou e os obrigou a recolher tudo", conta José Carlos Nepomuceno, segurança do McDonald's que fica em frente ao Conjunto Nacional.
A gerente da Arbys, Juliana Caldeira, disse que quando há eventos, como jogos ou a São Silvestre, todas as portas são trancadas, exceto uma. Ela não sabia do incidente de segunda-feira, mas contou que na noite em que o Palmeiras foi campeão brasileiro, funcionários seus tiveram de comprar faixas da torcida Mancha Verde para poder atravessar a área de comemoração. O diretor de Desenvolvimento de Operações da rede McDonald's, Paulo Metello, disse através da assessoria de imprensa que a rede não tem um esquema especial para dias de jogos. Os segurança são apenas orientados para ter atenção especial e fechar a loja se for necessário –o que nunca aconteceu, segundo ele.
O baiano Gílson, 22, que vende cigarros na esquina da av. Paulista com a r. Frei Caneca, diz que os corintianos são os mais agressivos. "As bancas de jornais que ficam 24 horas abertas são as que mais sofrem." Edson Buratto, gerente da Livraria Siciliano que fica na esquina da r. Padre João Manoel, mandou colocar portas de aço na loja. Antes, havia só a vitrine. "Chegou a ter quatro vidros quebrados. Levaram até um atlas importado", lembra.
Os ambulantes que ficam em torno do Pacaembu dizem que houve muitos arrastões após o jogo de segunda à noite. "As barracas não foram atacadas, mas não sobrou um carrinho de pipoca ou de cachorro-quente", disse Miriam, que tem uma barraca em frente ao Pacaembu. Ézio, 26, e José, 47, que há dez anos vendem amendoim no Pacaembu, afirmam que a única torcida onde não há arrastão é a do Santos. "O resto é tudo igual", afirma Ézio.

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