São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 1994
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CPI vive dia tenso e cancela reunião

Senador José Bisol é acusado de impor relatório

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI do Orçamento viveu ontem um dos dias mais tensos dos três meses de trabalho. Houve várias brigas, que acabaram provocando o cancelamento da reunião administrativa marcada para o final da tarde, na qual seria decidida a antecipação da votação do relatório final. O presidente da CPI, senador Jarbas Passarinho (PPR-PA), convocou os parlamentares envolvidos nos principais atritos para uma sessão de lavagem de roupa suja em seu gabinete e, ao final, tentou melhorar o clima: "Estamos harmônicos."
A tensão começou bem cedo, quando o deputado Pinheiro Landim (PMDB-CE) esteve no Prodasen (Centro de Processamento de Dados do Senado) à procura do deputado Sigmaringa Seixas (PSDB-DF), coordenador da Subcomissão de Emendas. Queria tomar satisfações sobre notícias de que Sigmaringa o estava envolvendo no escândalo do Orçamento.
O relatório da Subcomissão de Patrimônio provocou outra crise. Insatisfeitos com o parecer do coordenador, senador José Paulo Bisol (PSB-RS), cinco dos sete membros da subcomissão ameaçaram fazer novo relatório e pediram ao deputado Roberto Magalhães (PFL-PE) que não incluísse o parecer de Bisol no relatório final da CPI. Os deputados Pedro Pavão (PPR-SP) e Fernando Carrion (PPR-RS), os senadores Pedro Teixeira (PP-DF), Jonas Pinheiro (PTB-AP) e João Rocha (PFL-TO) afirmaram que Bisol não aceitava mudanças no relatório.
"É uma atitude suspeita. Ele pode estar inocentando culpados e culpando inocentes", afirmou Pinheiro.
Pela manhã, o deputado José Lourenço (PPR-BA) agrediu o analista de finanças e controle externo do TCU, José Aparecido Nunes, assessor da Subcomissão de Patrimônio. Nunes tentou impedir que o deputado Eraldo Tinoco (PFL-BA) lesse o parecer da subcomissão sobre ele.
"O senhor é um dos investigados e não pode ler o relatório", teria dito Nunes. Lourenço empurrou o assessor para fora da sala. "Saia daqui o senhor. Quem o senhor pensa que é?", afirmou Lourenço.
Outro incidente envolveu o senador Pedro Teixeira (PP-DF), o funcionário do senado Hipólito Gadelha Remigio e o senador Bisol. Teixeira, com a voz alterada, acusou Remigio de ter se passado por técnico da Receita Federal em uma das diligências que, na semana passada, buscou documentos sobre o governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PP). Bisol, também com a voz alterada, defendeu o funcionário.

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