São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 1994
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Pesquisa acaba mito do jogador milionário

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

CBF acaba com mito do jogador milionário
Sete em cada dez jogadores de futebol profissional no Brasil receberam entre um e dois salários mínimos por mês no ano passado. A revelação é da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), a entidade máxima do futebol brasileiro, onde são registrados os contratos dos atletas de todo o país. O estudo desmente a crença bastante difundida de que jogadores são, na maioria, bem remunerados.
Mesmo considerando que muitos clubes não registram em contrato o salário total, o futebol brasileiro está mais perto do Esporte Clube Barreira do que do São Paulo Futebol Clube. O Barreira, equipe da segunda divisão do Campeonato do Rio de Janeiro, paga um salário mínimo para quase todos os jogadores (o valor do salário mínimo para o mês de janeiro é de CR$ 32.882,00). O destaque do time ganha dois salários e meio (cerca de CR$ 80 mil). No São Paulo, jogadores como Toninho Cerezo recebem cerca de US$ 20 mil mensais –mais de 200 salários mínimos (aproximadamente CR$ 7,74 milhões, o que chega a 235,3 mínimos).
Os contratos acima de dez salários mínimos são apenas 3% do total dos jogadores de futebol profissional no Brasil. Entre cinco e dez salários, 6,77%. Entre dois e cinco, 19,6%. De um a dois, 51,38%. Ganham só um salário mínimo 19,25%. O cálculo não leva em conta premiação por vitórias, o que normalmente garante um providencial reforço no salário dos atletas. No São Paulo, o título mundial valeu US$ 10 mil (ou cerca de CR$ 3,87 milhões em valores de hoje) a cada atleta. No Barreira, jogadores são presenteados com alimentos ou material de construção a cada vitória obtida pela equipe da segunda divisão carioca.
O estudo da CBF foi divulgado ontem no período da tarde, durante a Assembléia Geral da entidade que iria discutir mudanças nos estatutos e aprovação das contas de 1993. Até a conclusão desta edição, às 19h, a reunião não havia terminado.
A maior polêmica prevista era sobre a filiação direta de clubes, como prevê a Lei Zico. Se isso ocorrer, os clubes que participam do Campeonato Brasileiro farão parte do colégio eleitoral da CBF, cujo presidente é escolhido pelos presidentes de 27 federações estaduais. Cinco dos 27 dirigentes são parlamentares. Pelo menos dois já foram, como o ex-deputado federal Onaireves Moura, da Federação Paranaense. O mandato de Ricardo Teixeira na presidência da Confederação Brasileira de Futebol foi prorrogado pelo próprio dirigente e só termina em 95.

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