São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 1994
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Lorena estava 'louca' ao castrar, diz médica

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Uma psiquiatra convocada pela defesa de Lorena Bobbitt disse ontem ao júri que ela estava "louca" quando cortou o pênis do marido em 23 de junho do ano passado. Susan Fiester disse que John Bobbitt, o marido da ré, "criou para ela uma situação de impasse, que a deixou louca. Ela teve um esgotamento nervoso".
A defesa de Lorena tenta convencer o júri de que ela teve "insanidade temporária" o que, pelas leis do Estado de Virgínia, onde o caso está sendo julgado, a torna inocente do crime de agressão com dolo de que é acusada. Ela pode ser condenada a até 20 anos de prisão e a deportação para o Equador, onde nasceu, se o júri a considerar culpada.
Lorene alega ter sido agredida e estuprada diversas vezes pelo marido, inclusive na noite do crime. Ele foi absolvido em novembro da acusação de estupro marital e nega ter violentado ou batido na mulher. Os dois ficaram casados quatro anos e meio, não têm filhos e estão se divorciando.
Pesquisa divulgada esta semana pela revista "Newsweek" mostra que embora apenas 16% dos entrevistados considerem Lorena inocente, 38% acham que ela não deve ir para a prisão. Só 23% querem a pena máxima. Entre as mulheres, apenas 13% defendem essa opção e 45% preferem que ela não seja presa.
O julgamento de Lorena Bobbitt tem sido há dez dias o principal assunto dos programas de rádio com a participação dos ouvintes e está sendo assistido por pelo menos dez milhões de pessoas em transmissões ao vivo das TV por cabo CNN e Court-TV.
Em Manassas, a pequena cidade na região metropolitana de Washington onde o crime ocorreu, o caso Bobbitt virou atraçã turística. O escritor Gay Talese é uma das centenas de pessoas de fora que acompanham o julgamento no tribunal. Ele vai escrever um livro sobre o caso. (CELS)

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