São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994 |
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São Paulo dá largada sem a 'proteção' de Telê Santana
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
Na ausência de Telê. É assim que está funcionando o bicampeão do mundo. E o clube sente. Ninguém sabe nada, ninguém decide nada. Mesmo a milhares de quilômetros, a sombra de Telê paira sobre o Centro de Treinamento. Na reapresentação da equipe, Valdeir, insatisfeito com seu destino –lutar por lugar no banco– afirma: "Se não for para jogar, quero sair". A resposta vem pelo diretor de futebol Fernando Casal: "Então vai sair. Quem manda é o Telê." O caso Dinho. De início, o jogador se opôs à transferência para o Santos. Falou muito, mas calou a uma pergunta: "A diretoria disse que o Telê autorizou sua transferência. Mesmo assim você quer ficar?" Acuado, desconversou. Se opor a Telê é suicídio? E substituir Telê? Murici, técnico até então vitorioso dos juniores, está com a espinhosa interinidade. Uma cena do CT nesta semana ilustra bem sua situação: Murici acompanha o treino de seus garotos, mas não consegue desviar os olhos do campo ao lado, onde o time principal faz testes. Entrou numa fria? "É quase isso", admite Murici. "De repente ele aparece...", completa, esperançoso. A indefinição foi a tônica do São Paulo nesta semana. Cafu e Muller estão de licença. Cafu, Muller, Zetti e Cerezo estão sem contrato. Não tem time para os aspirantes que jogam amanhã, antes da desfalcada equipe principal estrear no Paulistão. Válber demora para aparecer, a diretoria não sabe de nada, ninguém fala nada. A pergunta fica: e se Telê não estivesse na Bahia? Com ou sem Telê, com a equipe cansada ou não, o São Paulo é um dos favoritos para o título. Inicia desfalcado o primeiro Campeonato Paulista com pontos corridos da década, em que o ponto do primeiro jogo pode fazer falta no último. O mesmo Campeonato Paulista que foi desmerecido por Telê no final do ano passado. "É mais um torneio caça-níquel e que só favorece a Federação", afirmou o treinador, como que justificando sua ausência. Mas a atual situação do São Paulo prova que a sombra de Telê, por mais longe que esteja, alcança o bicampeão do mundo. Texto Anterior: Começa o campeonato supermilionário Próximo Texto: A polêmica da violência Índice |
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