São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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Patrimônio pode pedir embargo do garimpo

DA AGÊNCIA FOLHA,EM SÃO JOÃO DEL REY

O Instituto de Patrimônio Histórico Cultural (IBPC) poderá entrar com uma ação para embargar o garimpo clandestino em São João Del Rey. "Viemos ver de perto e conversar com as pessoas para tomar as medidas cabíveis", disse a coordenadora do IBPC em Minas, Claudia Lages, ao visitar quarta-feira uma das betas da cidade.
Segundo Lages, o IBPC deverá pedir um laudo mais detalhado para analisar as consequências do garimpo clandestino sobre o patrimônio da cidade. "A descida é muito perigosa. Daí a necessidade de a vistoria ser feita por uma equipe de especialistas", disse.
Para a vereadora Sônia Coelho, o perigo de tragédia é iminente. "As explosões estão deixando soltas várias rochas que podem cair sobre as casas a qualquer momento", disse. Ela acusa o prefeito da cidade, Nivaldo Andrade, de descaso. "Um simples decreto do prefeito acabaria com o garimpo clandestino", afirma a vereadora.
O prefeito se defende das acusações. "Isso não é um problema para a prefeitura resolver e sim para a Justiça", disse Nivaldo Andrade. Não há estatísticas sobre a quantidade de ouro produzida na região. "Por enquanto só estamos investindo para usufruir futuramente do ouro", disse o garimpeiro Sérgio Paulo Paiva.
A descida às betas é feita em escadas improvisadas que se assemelham a trapézios, colocando em perigo a vida dos garimpeiros. As escadas são amarradas com cordas em troncos de madeiras fincados em vários andares nas extremidades do poço. Além da escada não existe nenhum apoio. Se a escada quebrar, o tombo pode ser de até 120 metros.
Os garimpeiros não usam capacetes, botas e não tomam nenhuma medida de segurança.

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