São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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Wilsinho e Christian vencem as Mil Milhas

MORAES EGGERS
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a vitória nos primeiros minutos de domingo passado nas Mil Milhas Brasileiras, o clã dos Fittipaldi fechou o seu ciclo na prova. O primeiro lugar do Porsche pilotado por Christian Fittipaldi e Wilsinho Fittipaldi foi a concretizadação de um sonho da família, já que a corrida foi idealizada pelo "Barão", Wilson Fittipaldi, o avô-pai da dupla vencedora.
Um evento conturbado fora e perfeito dentro dos 4.325 metros do circuito de Interlagos. Os carrinhos da fábrica alemã Porsche ocuparam todas as três primeiras posições do pódio. O vencedor, da dupla piloto-pai e piloto-filho, um modelo RS 911 pertencente à equipe Rook Racing, da Alemanha, completou as 372 voltas da prova em 12h03min12s176 e uma média horária de 133,481 km/h, chegando quatro voltas à frente do pilotado pelo trio Antonio Herman, Franz Konrad (estes dois vencedores das Mil Milhas do ano passado) e Mikael Gustavson, da equipe alemã Konrad Motorsport.
Onze voltas atrás, cruzou a linha de chegada o outro carro da equipe, conduzido por Maurízio Sala, Ornulf Wirdheim e o economista e ex-negociador da dívida externa brasileira, André Lara Resende. As BMWs (também alemãs) melhores colocadas chegaram na 4ª e 5ª posições. O modelo M3 pilotado pelo tricampeão mundial de F-1, Nélson Piquet, e os ex-pilotos da F-1, o venezuelano Johnny Cecotto e o brasileiro Ingo Hoffmann foi o quarto, a apenas 6s do Porsche de Sala/Wirdheim/Resende.
O outro modelo, um 325i, foi pilotado apenas por André Ribeiro (que correu na F-3 inglesa e está indo para a Indy Light nesta temporada) e por Valmir "Hisgué" Benavides, que disputa categorias nacionais. Ingo Hoffmann também estava inscrito para dividir o carro com os dois, mas a estratégia da equipe deu preferência para a BMW de Piquet e Cecotto, que estava melhor colocada na metade da prova. Com isso, Ribeiro conduziu o carro por cinco horas, intercalando-se com Hisgué, dono do volante por sete horas.
O primeiro carro brasileiro na relação do resultado final aparece na sexta colocação geral e na primeira da categoria B do regulamento Força Livre das Mil Milhas Brasileiras, para motores até 2.000 cc. É o protótipo Aldee pilotado por Almir Donato que, resolveu modificar sua intenção inicial de disputar a prova solitariamente e convidou os pilotos José Cerchiai Junior e Manoel Resende. O carro largou na 58ª posição do grid para completar em primeiro na B com menos 48 voltas de prova e média de 116,236 km/h.
Nesta categoria, o segundo lugar ficou para o Passat de Javier Perez, Mário Dalicane e Tadeu Kowalczuk, que saiu da 41ª colocação e chegou 50 voltas atrás. O "Japamóvel", um Voyage que teve seus entre-eixos aproximados e modificações de motor e carroceria, ficou com a outra vaga no pódio. O carro largou na 36ª posição para chegar em terceiro, a menos 51 voltas. Foi conduzido pela única representante feminina das Mil Milhas, a piloto Suzane Carvalho, e por João Noboru Mita, o "Japa" e Júlio Machado.
A premiação para as categorias A e B e classificação geral se limita a troféus e prestígio. "O resultado não me importa. O que interessa é o prazer de correr e de me divertir", disse Piquet. Ele foi o último piloto da BMW M3 e chegou exausto ao "parque fechado" montado na própria Reta dos Boxes para posterior vistoria técnica.
Foi saudado entusiasticamente pelos torcedores. Uma multidão invadiu a pista e cercou o carro do tricampeão, que só conseguiu sair após a chegada do carro da organização que o conduziu até os boxes. Ele estava tão cansado que foi imediatamente se deitar em um sofá no reservado do interior do boxe de sua equipe.
O piloto de F-1 da Jordan, Rubens Barrichello, o campeão mundial de Marcas e Pilotos de 87 pela Jaguar e atual piloto da equipe Dick Simon na F-Indy, Raul Boesel, e o alemão Rudiger Schmidt, não tiveram sorte com o Escort Cosworth Turbo. Primeiro o carro teve problemas na homocinética da roda dianteira e ficou 37 minutos parado no boxe. Depois, foi o câmbio que quebrou. Boesel até colocou o macacão, mas sequer pilotou o carro na prova.
Outro carro apontado como favorito, o Opel Ômega, pilotado pelos campeões brasileiros de Marcas, Andreias Matheis e Paulo Júdice, mais o alemão Jurgen Weis, só conseguiu se manter na pista nas duas primeiras horas da corrida. O motor quebrou.

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