São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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Gestante mais velha deu à luz aos 52 anos de idade

LUIZ CARLOS DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A procura da mulher brasileira pela técnica da fertilização "in vitro" acentua-se a partir dos anos 90. Contribuem para esse processo o domínio e o avanço de novas técnicas no país, aumento do número de clínicas de reprodução humana e crescimento da doação de óvulos.
Estima-se hoje que há entre 10 a 15 clínicas brasileiras de médio e grande porte, que produzem no total entre 120 e 150 fertilizações "in vitro" por mês. A clínica do médico Roger Abdelmassih, especialista em reprodução humana, é apontada como a responsável pelo maior número de fertilizaçãoes –média de 30 por mês.
Foi de seu laboratório que saíram os óvulos fertilizados das duas mães com maior idade no país. Uma paulista de 52 anos, que havia sido mãe há mais de duas décadas, teve uma criança em maio do ano passado. A motivação foi satisfazer seu novo marido, então com 38 anos, que nunca teve filhos.
O casamento com um marido 15 anos mais novo também foi o motivo que levou uma gaúcha, em plena menopausa, a ser mãe em 91 de gêmeos aos 49 anos de idade. Em ambos os casos, o embrião foi o resultado do sêmen do marido com um óvulo doado.
A primeira fertilização "in vitro" no mundo aconteceu em 1978, na Inglaterra. No Brasil, foi em 1985. O avanço das técnicas aumentou consideravelmente as chances de sucesso da fertilização "in vitro". No final da década de 70, o sucesso era alcançado em torno de 8% das tentativas. Hoje, em centros de boa qualidade o percentual de sucesso gira em torno de 30% a 35%.
A mulher brasileira que procura os centros de reprodução humana tem como perfil um período de esterilidade em torno de seis anos e idade média de 35 anos. O custo médio de uma fertilizaçãp "in vitro" gira entre US$ 3.000 e US$ 6.000 (até os dois primeiros meses de gestação).
"Não há como negar esse direito a uma mulher que tenha plenas condições de saúde", diz Roger Abdelmassih, 50, referindo-se aos casos de mulheres que já entraram em menopausa. Ele cita como argumento a frase proferida esta semana pelo professor José Aristodemo Pinotti, da USP, que classificou a menopausa como uma injustiça da natureza para com as mulheres.
Abdelmassih adota pessoalmente a idade limite de 55 anos para a fertilização "in vitro", levando em consideração a saúde, longevidade dos pais da mulher e aspectos emocionais estáveis.

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