São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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A GRAVIDEZ PROGRAMADA

DA REPORTAGEM LOCAL

A humanidade terá que fazer uma opção radical dentro de pouco tempo. O encontro da fertilização "in vitro" –na proveta– e da manipulação tornou real a possibilidade de "brincar de Deus". Segundo o especialista francês em reprodução humana Jacques Testart –e militantes ambientalistas contra a "poluição biológica"–, ou se interrompem as pesquisas que permitem e provavelmente permitirão a manipulação do nascimento e das características humanas ou elas não poderão mais ser controladas. "Será como o aborto no Brasil. É proibido, mas tem mercado. Quem puder pagar, fará", diz um médico brasileiro. Deixou de ser hipótese apenas futurista a clonagem de crianças –já é feita em animais– e a intervenção no código genético humano. Pelo menos desde 1992 já se pode detectar em um embrião de três dias pelo menos uma doença genética. Há centenas de doenças genéticas identificadas. Só falta a técnica para detectá-las em um tubo. E quem puder pagar poderá fazer check-ups completos em seus embriões.
A solução para a disseminação descontrolada das clínicas de terapias gênicas ou da manipulação genética não está apenas nos códigos de bioética que o Primeiro Mundo discute desde o final dos anos 80. Eles precisam ser cumpridos. Cientistas nos EUA já falam na "polícia genética". Todos os médicos e cientistas treinados em pesquisa genética seriam cadastrados e controlados por um FBI capaz de identificar "crimes biológicos" e fiscalizar um futuro mercado negro da manipulação genética.

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