São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994
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Fascículos não são responsáveis por crise de papel que a Folha enfrenta

DA REPORTAGEM LOCAL

Os transtornos atravessados pelo leitor da Folha devido aos problemas de fornecimento de papel de imprensa teriam ocorrido com ou sem o lançamento de fascículos. A avaliação é do diretor-presidente da Empresa Folha da Manhã S/A, Luís Frias.
Desde o último fim-de-semana, a Folha está enfrentado uma situação de escassez de papel que obrigou o jornal a enxugar seções da redação a adiar o lançamento em bancas do dicionário Folha/Aurélio.
Luís Frias lembra que o adiamento do dicionário não resolveu o problema da falta de papel, ou seja: as perdas ocorridas com as falhas no recebimento de papel ocorreriam com ou sem o lançamento dos fascículos.
``Não fosse o problema com o fluxo de recebimento de papel imprensa da cota brasileira de outubro, contratada em julho, o leitor da Folha não teria nem tomado conhecimento da questão papel", informa Frias.
Ele acrescenta que, graças às providências tomadas pela empresa ao longo da semana junto ao seu fornecedor brasileiro, não haverá mais incidentes como o ocorrido no domingo passado. ``A situação estará normalizada a partir do início do mês que vem", declara.
A crise de abastecimento de papel de imprensa no país deve-se à conjugação de dois fatores: elevação das tiragens dos jornais diários e forte reaquecimento do mercado internacional.
``Pressionados pelos clientes norte-americanos, as indústrias começaram a atrasar os embarques para a América Latina", afirma Franco Porta, diretor comercial da Pisa (Papel de Imprensa S.A.).
``Como metade do consumo de papel-jornal brasileiro provém de importações, principalmente do Canadá, isso só poderia resultar em escassez", acrescenta.
Segundo o executivo, a Pisa vem cumprindo suas programações, que não têm sido suficientes para atender às necessidades dos 40 clientes. ``Na medida do possível, procuramos suprir falhas de importação", diz.
A capacidade instalada da Pisa (158 mil toneladas/ano) cresce ``marginalmente", de acordo com Porta. Máquinas de classe mundial, capazes de produzir 340 mil ton/ano, demandam investimento superior a US$ 300 milhões.
Mais de 15 fábricas de papel jornal foram desativadas ou temporariamente fechadas nos EUA e na Europa nesta década.
Outras converteram seus equipamentos para produzir papel de revista, a partir de 1992, quando o preço do papel jornal declinou de US$ 650 para US$ 400 a tonelada.

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