São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994
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Governo estuda incentivos à exportação

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo estuda acabar com os tributos federais que incidem sobre os produtos de exportação.
A medida, segundo o ministro Ciro Gomes (Fazenda), seria a forma de incentivar as exportações e de diminuir o atual impacto da defasagem cambial no setor.
Na sexta-feira passada, um dólar era cotado a R$ 0,829.
``A idéia é tirar PIS, Cofins e demais impostos federais das exportações", disse Ciro em palestra para empresários em São Paulo.
Segundo o ministro, o governo não estuda mudanças na atual política cambial. ``O câmbio será mantido neste patamar e vamos continuar estimulando as importações."
Outra hipótese é a criação de linhas de crédito para a exportação, disse Ciro.
O empresário Antônio Ermírio de Moraes, da Votorantim, disse que a taxa cambial tem assustado os empresários.
``Para evitar a falta de gás das empresas, o governo deveria dar vantagens ao setor como tirar o ICMS das exportações", afirmou.
O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias) é um imposto estadual e qualquer alteração em sua alíquota precisa ser aprovada pelos governos dos Estados.
Devido à defasagem da moeda norte-americana, a Votorantim está mudando o seu mix de mercado.
Antônio Ermírio disse que antes do governo Collor, 85% da produção ficava no mercado interno. Com a recessão provocada pelo governo Collor, as exportações chegaram a 70%.
Agora, esta porcentagem está em 40% para o mercado interno e 60% para o externo.
``Está difícil exportar com a atual cotação da moeda americana", disse Antônio Ermírio. Segundo ele, sem desrespeitar compromissos firmados no mercado internacional, a idéia é aumentar a venda para o mercado interno.
Hugo Miguel Etchenique, presidente do grupo Brasmotor, que controla a Brastemp, disse que o problema, após o Plano Real, são as exportações de manufaturados.
``No mercado interno, as vendas cresceram entre 25% e 30% este ano e não estamos enfrentando problemas, como preços ou falta de matéria-prima. O problema é a remuneração para colocar mercadoria no exterior."
O ex-ministro Shigeaki Ueki endossou a posição dos empresários: ``A preocupação é se a atual depreciação do câmbio não poderá trazer montanhas de dólares ao Brasil e gerar especulação no mercado interno."
Olavo Setubal, do Banco Itaú, também destacou a questão cambial: ``O problema do Plano Real é o mercado e por mercado entendo demanda aquecida e câmbio."
Antônio Ermírio acrescentou que é favorável, a princípio, ao capital estrangeiro no Brasil. Para ele, o problema é o Brasil não se transformar em um Paraguai.
``O Brasil deveria ser um grande fabricante de tudo e tem condições para isso. Mas se houver desestímulo, vai ficar como Paraguai, que não produz e compra tudo."

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