São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994 |
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Relatório aponta 150 acusações a policiais Relato de ex-informante da polícia é base do documento MARCELO GODOY
O Ministério Público estima que serão abertos mais de 50 inquéritos para investigar extorsão, tráfico de drogas, corrupção e desvio de mercadorias apreendidas. Os acusados negam os crimes (leia ao lado). O relatório foi feito para concluir a sindicância da Justiça sobre o caso. A sindicância foi enviada à Corregedoria da Polícia Civil, que continuará a investigação. O primeiro nome da lista do juiz é o investigador Gilberto Xavier de Brito –alvo de 15 acusações. O relatório diz que a Brito foi atribuído comércio de ouro roubado, receptação de cargas da Riachuelo e das Lojas Brasileiras, receptação de cristais, televisões, cocaína, armas, munições e dólares, ``tudo proveniente de crime". Além disso, ele é suspeito de extorsão, corrupção ativa, envolvimento com o jogo do bicho, formação de quadrilha, prevaricação e ``fornecimento de armas a autores de roubo e extorsão". Brito trabalhava no 9º DP, no Carandiru (zona norte). Ao todo, nove policiais do 9º DP são alvo de 49 acusações. Depois de Brito, o policial com maior número de acusações no relatório é o delegado Eduardo Antônio Gobbetti. O delegado chefiava o 9º DP até as denúncias provocarem seu afastamento há três semanas. Contra ele, o juiz enumerou 12 acusações feitas por Zezinho. Em alguns casos, ele é suspeito de ter participado de crimes com Brito. O relatório enumera os seguintes crimes: ``alugar galpão para guardar objetos roubados, corrupção passiva, furto de combustível, extorsão, prevaricação, receptação de cocaína, armas, munição, faqueiros, perfumes, roupas e uma carga de tecidos roubados". O relatório do juiz tem dez páginas. Estão identificados 43 policiais e dois advogados envolvidos nas denúncias de Zezinho. Além disso, enumera 27 outros policiais que ainda devem ser identificados. O juiz diz que todos os crimes foram ``implicitamente confessados pelo delator (Zezinho)". Classe Especial No relatório do juiz são citados quatro delegados de classe especial (o mais alto posto da Polícia Civil): Carlos Alberto Costa, João Violim Belão, Cláudio Gobbetti e Mário Tadeu Paes. Segundo o relatório, Gobbetti e Paes são suspeitos de terem receptado cristais e faqueiros. A Belão são atribuídas cinco acusações: receptação de aparelhos eletrônicos, de roupas, envolvimento com o jogo do bicho, extorsão e ameaças de morte. Ao ex-diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), Costa, são atribuídos receptação de jóias roubadas e de dinheiro roubado de um banco. Cartão de crédito Com o fim da sindicância, a Justiça pediu às administradoras de cartão de crédito que enviem os gastos dos últimos cinco anos dos acusados. E quebrou os sigilos bancários e fiscais de 41 policiais. Texto Anterior: Cartão de prostitutas em cabine telefônica abre `guerra' em Londres Próximo Texto: Acusados negam as denúncias Índice |
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