São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994
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Bernardinho prepara time para cobranças

Treinador confia no ataque de fundo

MÁRIO MAGALHÃES; SÉRGIO KRASELIS
DA SUCURSAL DO RIO E DA REPORTAGEM LOCAL

O balanço do primeiro ano da seleção brasileira feminina de vôlei sob o comando do técnico Bernardo Rezende, o Bernardinho, impressiona.
Foram 39 (86,6%) vitórias em 45 jogos disputados. Os sets vencidos, 124 (77,9%), contra 35 perdidos.
Em seis torneios internacionais, cinco conquistas, a última delas o Grand Prix, a versão feminina da Liga Mundial.
No ano em que a equipe de homens acumulou derrotas, a feminina não teme as cobranças do país que se acostumou a ver o seu vôlei campeão. ``Não temos medo de errar", disse Bernardinho. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Folha - Haverá alguma novidade tática no Mundial?
Bernardinho - Vamos ver nesse a inclusão sistemática do ataque do fundo de quadra. Atacar com quatro jogadoras, sempre, de todas as partes da quadra, o que dificilmente acontece no vôlei feminino.
Folha - A revolução tática na seleção masculina, com jogadores exercendo várias funções no ataque, influenciou a feminina?
Bernardinho - Acho que sim. Há aspectos que não podem ser iguais em função das diferenças físicas. Mas o ataque múltiplo o feminino pode absorver muito bem.
Folha - O que precisa melhorar na seleção feminina?
Bernardinho - Nosso bloqueio, defesa e recepção. Culturalmente, gostamos de atacar, mas precisamos romper com isso. Se conseguirmos sustentar a recepção, vamos garantir o potencial de ataque e o sucesso dos demais fundamentos.
Folha - A seleção feminina está preparada para suportar a pressão pelo título?
Bernardinho - Acredito que a pressão externa não é tão grande quanto na masculina. Mas a cobrança interna nossa é muito grande. Vivemos um clima de ansiedade.
Trabalhamos visando o lugar mais alto do pódio e não vou dizer que não sonho com o título. Agora, nunca afirmei que o título é o meu único objetivo.
Folha - Você assumiu a seleção em 93 e o grupo treina junto desde abril, com poucos intervalos de descanso. Isso desgasta?
Bernardinho - Problemas de relacionamento são normais. Agora, faíscas ocorrem ocasionalmente. Isso faz parte da convivência.
Folha - Você espera alguma supresa no Mundial?
Bernardinho - A China cresceu muito e a Rússia virá um pouco renovada e fortíssima fisicamente.
Folha - Há outros adversários fortes?
Bernardinho - A Coréia. A equipe foi campeã na semana passada dos Jogos Asiáticos e tem grande velocidade. É a nossa principal adversária na fase de classificação. Cuba vem com seu jogo habitual e muita força física. Continua sendo a grande favorita.
Folha - Quem na seleção brasileira pode chegar à seleção do Mundial?
Bernardinho - Acho que as seis, sete titulares. Mas sou contrário a premiações individuais. Sou da teoria de que, se ganharam prêmios individuais, é porque foram sustentadas por um grande grupo.
Folha - Qual o time pouco cotado que pode surpreender na competição?
Bernardinho - A Ucrânia pode ser a zebra do Mundial.
(Mário Magalhães e Sérgio Kraselis)

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