São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 1994
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Partidos se opõem à nova eleição no Rio

AZIZ FILHO; SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

PMDB, PPR e PFL pretendem contestar no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de convocar novas eleições para deputados federais e estaduais no Rio de Janeiro.
A Justiça Eleitoral fluminense determinou que a nova disputa deve ocorrer no próximo dia 15 de novembro, quando se realiza o segundo turno da eleição para o governo do Estado.
Os três partidos não têm candidatos a governador, o que, no entender de suas lideranças, pode prejudicá-los em relação a PDT e PSDB, rivais na disputa do segundo turno. O PFL está coligado aos tucanos.
O PSD, partido que tinha como candidato a governador o general Newton Cruz, entrou ontem mesmo com recurso no TRE pedindo a anulação também da eleição majoritária no Rio.
O PT, de acordo com seu presidente regional, Milton Temer, pode decidir entrar com recurso semelhante.
A anulação da eleição parlamentar foi uma decisão unânime dos juízes eleitorais do Rio. O motivo foi o número de fraudes constatadas na apuração.
Para o presidente regional do PPR, deputado federal Francisco Dornelles, a anulação das eleições representa uma ``queima de arquivo", já que não houve a identificação dos fraudadores.
``O TRE deveria recontar, identificar fraudes e fraudadores e, então, ver se cabia uma anulação parcial ou total. Se existiu fraude o TRE é responsável, pois organizou a eleição", disse Dornelles, que havia sido reeleito.
Eleito deputado federal pelo PMDB no pleito anulado, o ex-governador Wellington Moreira Franco acha que a presença das Forças Armadas não garante a lisura na apuração da nova eleição. ``Não nos cabe cultivar mitologias e achar que as Forças Armadas são a solução para tudo", afirmou.
O ex-governador do Rio critica a hipótese de as novas eleições ocorrerem sem propaganda dos candidatos a deputados. ``Nem na ditadura conseguiram acabar com a propaganda eleitoral".
Deputados estaduais reeleitos pelo PT e PSB devem ir hoje a Brasília reclamar com o presidente do TSE, Sepúlveda Pertence, sobre a decisão da Justiça Eleitoral.
Porta-voz do grupo, a deputada petista Heloneida Studart disse que pedirão ao presidente do TSE a apuração das fraudes e a punição dos culpados.
``Foi uma coisa insólita, uma decisão política que visou apenas atender ao clamor público. Um tribunal que está todo comprometido anistia ele mesmo e cancela as eleições", disse a deputada estadual.
Entre os candidatos à Câmara, o maior número de suspeitos de fraudar votos são ligados ao PDT (cinco).
Outros envolvidos com as irregularidades na apuração pertencem ao PSDB (dois), ao PPR (dois), ao PP e ao PSC (um cada).

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