São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 1994
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Os amantes da princesa

CARLOS HEITOR CONY

RIO DE JANEIRO – Uma das maldições que pesam sobre o nosso tempo é estarmos condenados a nos preocupar com as desditas da Casa Real da Inglaterra. Nos anos 30 foi o casamento do rei com uma divorciada americana. O mínimo que dela se disse foi que seduziu o soberano com baixos recursos aprendidos num bordel de Xangai.
Seja como for, o caso foi vendido como o romance do século: o rei abdica do trono por uma mulher! Por essas e outras não levo a sério o século em que vivo. (Grouxo Marx não frequentava clubes que o aceitavam como sócio: é por aí mesmo.)
A princesa Margareth, irmã da atual rainha, fez poucas e boas no seu devido tempo. Mas nada que chegasse aos pés do sobrinho Charles, que há muito está no olho de um furacão. O último foi o livro de memórias em que se diz oprimido pelo pai e indiferente à mulher, mesmo antes do casamento. Casou obrigado, como as heroínas dos romances de subliteratura.
Nada de admirar que a desamada tenha procurado consolo em outros departamentos –o penúltimo escândalo na Casa de Windsor é também um livro e, ao contrário das memórias de Charles, tem como tema uma princesa ``in love".
A imprensa inglesa, esbodegada de emoções, excitada com tantos e tão suculentos escândalos, está entregando todos os amantes da futura rainha, além daquele rapaz que se entregou por conta própria e escreveu o livro.
Diana recusou a genérica classificação de ``galinha", mas um jornal inglês publicou em letras enormes (antigamente se dizia ``letras garrafais") uma declaração reveladora: ``Sou a maior prostituta do mundo!"
Como nesses assuntos todos acreditam em todos, a imprensa mundial continua procurando novos casos, havendo até uma teoria geográfica: Diana teria amantes nos cinco continentes.
Jorginho Guinle está um pouco defasado, com 79 anos não deve ter se habilitado. Chiquinho Scarpa perdeu a credibilidade depois de ter proclamado um caso fictício com outra princesa. Da minha parte, só posso fazer a lamentável confissão: não, não é verdade, nada houve entre Diana e mim, nem mesmo somos bons amigos.

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