São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994
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Senado tem verba extra de R$ 172 mi para gastar em 95

LUCIO VAZ ; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado Federal tem uma ``caixa preta" de R$ 172 milhões para usar em 95. O dinheiro, previsto no Orçamento da União de 95 para o Fundo Especial do Senado, representa 38,5% do Orçamento do Senado.
O fundo, ao contrário do restante das verbas, não tem os seus gastos especificados. A Mesa Diretora do Senado tem total liberdade na aplicação do dinheiro.
A lei 7.432/85, que criou o fundo, diz genericamente que ele se destina a ``prover recursos necessários ao programa habitacional, de assistência social e realizações outras que se fizerem necessárias ao integral cumprimento da função legislativa".
A principal fonte de receita do fundo no próximo ano será a sobra do Orçamento de 94. Como ele não foi aprovado até outubro, muitos dos recursos previstos não puderam ser usados.
Para aproveitar esta sobra, a Mesa Diretora decidiu transferir os recursos para o fundo do próximo ano, sem especificar seu destino.
No Orçamento de 95, os R$ 172 milhões são destinados para o ``funcionamento do Senado".
Em anos anteriores, o fundo recebia recursos menores, destinados a cobrir despesas emergenciais. Neste ano, o Orçamento da União previa cerca de R$ 34 mil para o fundo.
Na Câmara, o Fundo Rotativo, com finalidade semelhante, tem destinação de R$ 655,4 mil no Orçamento de 95.
A Subsecretaria Financeira do Senado informou que os R 171,9 milhões destinados ao Fundo Especial do Senado serão usados em situações de emergência e programas assistenciais e de saúde.
O primeiro-secretário do Senado, Júlio Campos (PFL-MT), responsável pela proposta de Orçamento, afirmou inicialmente à Folha que o valor destinado ao fundo estava errado.
Posteriormente, liberou os dados da subsecretaria que comprovaram a destinação do dinheiro.

Privilégios
O Orçamento do Legislativo para 95 repete privilégios mantidos pelo Congresso nos últimos anos. Gastos com viagens ao exterior e complementação de aposentarias chegam a R$ 13,96 milhões.
Só para o Grupo Interparlamentar de Turismo, o Orçamento prevê R$ 1,66 milhão. O dinheiro é usado para viagens de parlamentares ao exterior.
Os recursos são destinados de forma disfarçada na rubrica de ``assistência a instituições privadas", assim especificados:
``Proporcionar auxílio a entidades privadas sem fins lucrativos, a fim de que possam cumprir suas missões filantrópicas, educativas e culturais".
O IPC (Instituto de Previdência dos Congressistas) ficou com a parcela de R$ 12,2 milhões para complementar as pensões de ex-deputados e ex-senadores.
Deficitário, o IPC cobre as aposentadorias com o dinheiro do Tesouro Nacional.

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