São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994 |
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Cantora tunisiana lança filme em São Paulo
DANIELA PINHEIRO
Veio lançar o filme ``A Noite Sagrada" (La Nuit Sacrée), do diretor Nicolas Klotz, que será exibido hoje. Opulenta, espalhafatosa, Amina se transformou na coqueluche da juventude francesa. É hoje o modelo de beleza perseguido pelas adolescentes. Suas roupas e seu estilo são copiados. Muito preto, salto alto, coques e batom escuro. O sucesso talvez venha daí. Amina acha que personifica a Europa unificada: mistura de raças, cores, idéias e idiomas. Além do árabe, fala francês, berbere (dialeto), inglês e italiano. ``Ainda não sei como a França me aceitou. É um país muito racista. Todo mundo tem preconceito contra todo mundo", disse. Amina (``Eu tenho o sobrenome que quiser"), 32, é a cantora estrangeira de maior sucesso e mais premiada hoje na França. Com rap, funk, rock (letras em árabe) Amina teve seu álbum ``Yalil" classificado em 5º lugar no Billboard World Music em 90. Em ``A Noite Sagrada", ela interpreta o papel de uma marroquina, filha caçula em uma casa de seis irmãs, obrigada pelo pai a travestir-se de homem para assumir os negócios da família depois que ele morresse. O filme é uma adaptação do romance ``L'Enfant de Sable - La Nuit Sacrée" (A Criança de Areia - A Noite Sagrada), do marroquino Tahar Ben Jelloun, que recebeu o prêmio Goncourt de literatura em 1987. Amina conversou com a Folha na abertura da Mostra do Novo Cinema Francês, em Brasília. A seguir, os principais trechos da entrevista: Folha - Foi difícil romper a xenofobia francesa? Amina - Acho que minha aceitação na França se deu principalmente pelo sucesso de minha turnê como cantora na Inglaterra e na Itália. Foi esse o motivo. A França acompanhou. Deus foi quem me ajudou, não os franceses. Folha - Mas hoje você é considerada patrimônio nacional francês. Amina - Fui a primeira árabe a representar a França no festival de música Grande Prêmio da Eurovision (o mais importante da Europa), em 1991. Posso me considerar o portal de entrada da cultura árabe na França. Ainda não sei como me aceitaram, é um país muito preconceituoso. Folha - Além de lançar o filme, você pretende mostrar sua música aos brasileiros? Amina - Não tenho essa intenção. Quero é que muitas distribuidoras comprem o filme, porque ele é muito bom. Mas quem sabe essa não é uma boa oportunidade para vocês conhecerem Amina? Texto Anterior: John Woo cria sonho de imagens violentas Próximo Texto: `A Viagem' faz folhetim de alta tecnologia Índice |
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