São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994
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Bloqueio dos EUA é responsável pela situação

FERNANDO MOLICA
DO ENVIADO ESPECIAL

O bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba é apontado pelas autoridades cubanas como o principal responsável pela situação do país.
O bloqueio impede qualquer tipo de transação entre empresas norte-americanas e Cuba e mesmo a ida de turistas dos EUA à ilha.
Pelas regras do bloqueio, um navio de qualquer nacionalidade que aportar em Cuba terá que ficar pelo menos seis meses sem ir até os Estados Unidos.
Amenizado durante quase três décadas pela ajuda da agora extinta União Soviética, o bloqueio, segundo o vice-ministro do Exterior encarregado da América Latina, Jorge Bolaños, teria gerado um prejuízo de US$ 18 bilhões (os cálculos, segundo ele, são de pesquisadores da Universidade de Columbia, nos EUA).
``Não conheço nenhum país que tenha passado por situação semelhante e que seu governo, além de não ter caído, tenha conseguido manter seu povo de pé", afirmou Bola¤os, ex-embaixador cubano em Brasília.
Segundo o vice-ministro, nos últimos anos, Cuba passou a comprar no exterior 20% do que importava antes.
Bolaños nega que as reformas na economia cubana (abertura para associações com empresas estrangeiras, criação de mercados livres, entre outras) sigam a receita do Fundo Monetário Internacional.
Afirma, porém, que Cuba, em quatro anos, avançou muito mais na liberalização econômica do que países como a China.
Bolaños admite, diante da citação do filme ``Morangos e Chocolates", a existência de uma ``aspiração" por reformas no sistema político do país.
Recusa, porém, qualquer crítica externa à ``democracia cubana". Chega a fazer uma crítica indireta ao Brasil, sem citar o nome do país: ``quando falamos de sociedade civil em Cuba, não falamos de 30% ou 40% da população que têm condições de decidir, mas de mais de 90%", afirmou.
(FM)

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