São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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`Vender droga é para favelado'

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Gustavo Bulhões, 26, afirmou ontem ao ser preso que sua condenação foi ``injusta e política". Na opinião do filho do governador de Alagoas, sua condenação só foi possível porque o mandato de seu pai está terminando.
``Duvido que me condenariam se o mandato do meu pai estivesse começando. Isso tudo é coisa da oposição", afirmou. Gustavo admitiu que já usou drogas, mas disse que não precisa vender maconha.
``Quando eu era mais novo usei drogas, não tenho por que negar isso. Mas nunca vendi drogas nem preciso disso. Vender maconha é coisa para favelado", afirmou.
Gustavo foi condenado a seis anos de prisão pelo juiz de Flores (PE). Em fevereiro, o motorista de sua gráfica e mais três pessoas foram presas com 20 gramas de maconha dentro do carro da gráfica dos Bulhões.
Com o depoimento dos detidos, a PM pernambucana chegou à casa de Luiz Ferreira de Freitas, onde foram apreendidos 50 kg da droga. O motorista e os outros homens que estavam no carro disseram à PM que compraram maconha a mando do filho do governador.
Veja os principais trechos da entrevista de Gustavo Bulhões.
Agência Folha - Você achou justa a sua condenação?
Gustavo Bulhões - É claro que não. Não fui pego nem comprando nem vendendo drogas.
Agência Folha - Mas você é usuário de drogas?
Bulhões - Já usei drogas quando era mais jovem e não tenho por que negar isso. Mas nunca vendi drogas. Não preciso vender maconha. Vender maconha é coisa para favelado.
Agência Folha - A que você atribui a sua condenação, então?
Bulhões - Duvido que me condenariam se o governo do meu pai estivesse começando. Isso tudo é coisa da oposição para prejudicar meu pai e minha mãe. Não vou acusar ninguém para não ser injusto; como o que está acontecendo comigo agora.

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