São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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Presos se rebelam em SP por 9 horas e fazem 28 reféns

Presídio tem capacidade para 500 detentos, mas abriga 757

DA REPORTAGEM LOCAL

Terminou após nove horas uma rebelião na Casa de Detenção de Parelheiros (zona sul de São Paulo). Ao todo, 756 presos se rebelaram e fizeram 28 reféns –24 funcionários do presídio, um preso e três professores. Um preso morreu e nenhum refém ficou ferido.
Os amotinados chegaram a fazer a barba, cortar os bigodes e a colocar roupas de presidiário em todos os reféns para confundir os policiais.
Eles dizem que o presídio é superlotado e afirmam que são agredidos por policiais que trabalham no local. Eles reivindicavam transferência para outros presídios. A Casa de Detenção abriga 757 presos e tem capacidade para 500.
A rebelião começou durante o banho de sol, às 9h. Os presos Robson Teodoro, 22, Sandro Santos, 24, e Carlos Luciano, 26, invadiram a cela de segurança onde estava Benedito Bragante, 62, que estaria jurado de morte.
Bragante foi assassinado a golpes de estilete, facas e por espancamento.
Após a negociação com o secretário-adjunto de Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, 21 presos foram transferidos para outros locais. Durante a transferência, um deles atirou aos repórteres um bilhete no qual acusava a direção do presídio de maus-tratos.
Outro detento afirmou que é comum os presos serem espancados pelos policiais do presídio. Alguns gritavam que seriam mortos pelos policiais.
A maioria dos presos da Casa de Detenção de Parelheiros é condenada por roubo, homicídio e tráfico de drogas. Ela é considerada pelo Estado como de segurança máxima.
O momento de maior tensão aconteceu às 16h40, quando um grupo de cerca de cem policiais do Batalhão de Choque, armados com submetralhadoras, cacetetes e escudos, entrou no presídio.
Um helicóptero da polícia também sobrevoava o local. Os policiais deixaram o presídio 20 minutos depois.
Às 18h, um preso que negociava a libertação dos reféns e que se identificou como ``Jair Já Era", anunciou a libertação dos funcionários.
Foram mobilizados pela polícia cerca de 200 soldados, 15 veículos e 30 homens da Cavalaria.
O secretário-adjunto Antonio Ferreira Pinto afirmou que vai abrir hoje uma sindicância para apurar a denúncia de maus-tratos feita pelos presos. Segundo ele, o pequeno número de soldados que faz a segurança do presídio (14) ``pode ser ampliado".

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