São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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Torcedores fazem pacto para acabar com violência

DA REPORTAGEM LOCAL

As torcidas organizadas dos principais clubes de São Paulo decidiram fazer um esforço conjunto para tentar diminuir a violência nos estádios.
Anteontem à noite, na sede da torcida Camisa 12, do Corinthians, dirigentes de diversas facções se reuniram para elaborar uma estratégia comum de atuação.
Estiveram presentes, entre outros, representantes da Camisa 12 e Gaviões da Fiel, do Corinthians, Mancha Verde, do Palmeiras, Torcida Independente do São Paulo e Torcida Jovem do Santos.
A principal resolução diz respeito à punição aos torcedores que cometam atos de vandalismo. Eles serão sumariamente expulsos das torcidas a que pertencerem e não serão aceitos em nenhuma outra.
Segundo o presidente da Independente do São Paulo, Paulo Sérgio de Castro, 26, cada facção fiscalizará não apenas a conduta de seus próprios componentes como a dos integrantes de outras torcidas, delatando-os aos seus chefes.
Na reunião, foi decidido ainda que as torcidas enviarão à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo um ofício pedindo que, quando um torcedor uniformizado for preso, a diretoria daquela facção seja imediatamente comunicada, para que possa expulsá-lo.
``Nossa idéia é amedrontar esse pessoal que só pensa em brigar", afirmou José Cláudio Moraes, o Dentinho, 35, presidente da Gaviões da Fiel.
Outra decisão foi a de deflagrar uma campanha para educar os torcedores, através da distribuição, nos estádios, de panfletos com um manifesto condenando a violência.
Segundo o presidente da Independente, todo o procedimento acertado entre os chefes de torcida é apenas ``um começo".
``A violência que existe hoje vai acabar", disse. ``Em 92, fizemos um movimento semelhante, mas não demos continuidade. Agora, vamos nos reunir mensalmente."
Para Dentinho, ``a situação hoje é mais grave". ``Se antes aconteciam algumas confusões entre torcidas, agora vidas são perdidas."
O presidente da Gaviões referia-se às mortes ocorridas nas últimas semanas em consequência de choques entre torcedores: o corintiano Sérgio Francisquini, 19, no jogo Guarani x Corinthians, em Campinas; e o flamenguista Sérgio Câmara de Oliveira, 16, supostamente assassinado por três vascaínos numa estação de trem no Rio.
O palmeirense Wagner Soares da Silva, 23, teve morte cerebral na última segunda-feira. Ele foi baleado próximo ao estádio do Maracanã, no Rio, sábado.
Houve ainda o caso de Neldo Ribeiro de Abreu, 17, que morreu atropelado por um trem na estação da CBTU em São Caetano ao ser perseguido por supostos torcedores corintianos. Ele trajava uma camisa do São Paulo.

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