São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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Plano aquece a baixa temporada no país

SIMONE GALIB; PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA; CARLOS KAUFFMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos dois meses, o turismo viveu momentos de euforia. A queda da inflação e o fortalecimento do real frente ao dólar levaram o brasileiro a fazer as malas e voltar com elas bem mais cheias do que de costume do exterior.
Setembro e outubro, meses de baixa temporada, tiveram dias de alta, com mais passageiros circulando pelos aeroportos e se entupindo de importados nas lojas do free shop. Segundo a Brasif, que administra as lojas ``duty free" no país, o volume de vendas em São Paulo aumentou acima de 20%.
Ana Cecília Rocia, 30, o marido e três filhos fizeram sua primeira viagem internacional para Miami/Orlando com um pacote parcelado em dez vezes pelo cartão. Na volta, não resistiram ao free shop. ``Comprei no limite da loja", diz.
A semana da Criança, também batizada de ``saco cheio", teve um movimento semelhante ao mês de dezembro, contabiliza Aramis Moraes, inspetor da Receita Federal no aeroporto de Guarulhos.
Uma pesquisa da Associação Nacional de Agências de Viagens (Abav) revelou que o setor foi incrementado 29% em média desde a implantação do Plano Real.
Para o presidente da Abav, Sérgio Nogueira, a expectativa é que o mercado de viagens e turismo recupere este ano os mesmos índices favoráveis de 1990, ano em que foi registrado o maior volume de vendas em passagens aéreas. As agências movimentaram cerca de US$ 2,5 bilhões em 90.
A Abav, que ouviu 70 agências de viagens em todo o país e operadoras responsáveis por 60% do mercado brasileiro de excursões, mostrou ainda que o maior impacto foi sentido junto ao setor de viagens de lazer e excursões (88,5% no incremento das vendas).
O cartão de crédito brilhou nessa nova temporada. Respondeu, segundo a pesquisa, por 39% do movimento. O pagamento à vista ficou em segundo lugar, com 38%.
As facilidades oferecidas pelo cartão (parcelamento em até 20 vezes) fizeram surgir um novo perfil de viajante. Ou seja, 63% das empresas constataram que o cartão abriu o mercado para uma parcela da população que não saía de casa.
``Vendemos viagens até para os aposentados", diz Guilherme Paulus, presidente da CVC.
Na Stella Barros, os pacotes para a Disney World, na Flórida, estão vendidos até o começo de dezembro. A empresa estima embarcar 5.000 passageiros no final do ano, diz Maurício Freire de Souza, gerente de franchising.
As empresas aéreas também enfrentaram um movimento antecipado. O número de ligações para a American Airlines aumentou 25% nos últimos dois meses. ``Temos dificuldades para atender todas as consultas", diz o diretor Erli Rodrigues.
Além da moeda mais forte, Rodrigues atribui o movimento a uma demanda reprimida durante a temporada de férias de julho devido à expectativa da chegada do plano.
Como as medidas do governo para conter o consumo não atingiram o turismo, o mercado aposta que o brasileiro vai continuar viajando. ``Só inicialmente deve haver uma pequena retração", diz Freire Souza, da Stella Barros.
(Simone Galib)
Colaboraram PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA e CARLOS KAUFFMANN, da Reportagem Local.

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