São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994 |
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A saúde de São Paulo
MARCELO BERABA SÃO PAULO – A Folha publica hoje duas reportagens que se completam e que mostram as deficiências do governo Fleury.O seu secretário de Planejamento e da Fazenda, José Fernando Boucinhas, informa (e acho até que é otimista) que o próximo governador precisará de pelo menos seis meses para equilibrar o orçamento do Estado. Boucinhas acha, mesmo assim, que a situação econômica de São Paulo é ``saudável". O secretário não poderia pinçar palavra mais apropriada, pelo que sugere de contradições, para este fim de governo. Basta ver na mesma página o rol de problemas elencados pelos paulistas para se perceber a ironia da coincidência. A maioria dos eleitores do Estado que se prepara para voltar às urnas em 15 de novembro não tem dúvida: a primeira mazela que o próximo governador –aquele que perderá pelo menos seis meses para colocar as contas em dia– terá de atacar é a saúde. Em seguida vem uma sequência de problemas sociais, como educação, segurança e habitação. Esta lista coincide com as preocupações dos leitores que responderam ao questionário do projeto Cidadão Folha. São depoimentos, desabafos e sugestões que evidenciam a depauperação dos sistemas de saúde e educação. A partir da declaração do secretário e da constatação da pesquisa feita pelo Datafolha podemos sugerir um novo slogan para São Paulo: Estado saudável, saúde falida. O inconveniente é que lembra, não sei se injustamente, uma das pérolas do regime autoritário, quando se dizia que o país ia bem, mas o povo mal. Fleury, como administrador, é passado. A derrota do seu candidato ao governo de São Paulo já no primeiro turno é o veredicto condenatório da sua gestão. O problema agora é o futuro. A clara indicação dos dois principais problemas -saúde e educação– exige dos candidatos ao governo, Covas e Rossi, informações claras, objetivas e despossuídas de tom eleitoreiro, de como pretendem enfrentá-los. Texto Anterior: Violência no Rio Próximo Texto: Inflação de cocaína Índice |
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