São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 1994
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Itamar emprega seus amigos no futuro governo do PSDB

INÁCIO MUZZI; CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Itamar emprega seus amigos no futuro governo de FHC
Presidente arruma cargos para integrantes do `Grupo de Juiz de Fora'
Na reta final de seu mandato, o presidente Itamar Franco decidiu arrumar empregos, a partir de janeiro próximo, para seus amigos que compõem o chamado ``Grupo de Juiz de Fora".
Só Itamar vai ficar desempregado a partir da entrega da faixa presidencial para Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
O ``Grupo de Juiz de Fora" é composto por pessoas que acompanham o presidente em quase toda sua carreira política e ocupam ou ocuparam cargos de confiança no atual governo.
O senador Maurício Corrêa (PSDB-DF) encabeça a lista dos apadrinhados presidenciais. Corrêa, que chefiou o Ministério da Justiça, vai ocupar a vaga do ministro Paulo Brossard no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na semana passada, o nome do ex-ministro foi aprovado pelo Senado para integrar o Supremo.
Seus colegas parlamentares reconheceram nele ``notório saber jurídico", requisito necessário para pertencer aos quadros da instância máxima do Judiciário.
Na oportunidade, ao ser questionado sobre o processo que investiga sonegação em suas declarações de renda, Corrêa assumiu postura magistral: ``Só falo nos autos".
O secretário-geral da Presidência, Mauro Durante, também tem emprego garantido. Itamar quis encaixá-lo no Tribunal Superior do Trabalho, mas a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) não deixou.
O presidente articulou, então, lobby certeiro em direção ao Sebrae (Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa) e ainda pediu a FHC que o ajudasse a pôr Durante na presidência da entidade.
Guilherme Afif Domingos, recém-eleito presidente do Conselho Deliberativo, já prometeu fazer campanha em favor do amigo do presidente.
O futuro de Henrique Hargreaves não preocupa Itamar. Estreitamente ligado ao PFL, o chefe da Casa Civil teria lugar garantido no próximo governo tanto quanto teve no anterior, de José Sarney.
Para o ministro das Comunicações, Djalma Morais, o presidente pediu a FHC um cargo de direção em alguma empresa da área de telecomunicações –enquanto a onda de privatizações não vem.
Alexis Stepanenko, ex-ministro do Planejamento, será nomeado diretor da Telebrás na próxima semana e permanecerá no cargo no governo FHC.
Stepanenko afastou-se do governo após a Folha ter revelado bilhetes de sua autoria orientando o uso da máquina federal em favor da campanha do então candidato tucano à Presidência.
Ruth Hargreaves, irmã de Henrique e assessora particular de Itamar, deve continuar com ele em seu pequeno gabinete de ex-presidente. Mas tem lugar garantido no governo de Minas se Eduardo Azeredo (PSDB) ganhar o segundo turno da eleição.
Saulo Moreira, outro fiel escudeiro, fica mesmo no futuro gabinete, em local ainda não definido: pode ser instalado em Juiz de Fora ou no Rio de Janeiro.
O ministro da Educação, Murílio Hingel, não quer cargos. Volta a lecionar em Juiz de Fora.
Inácio Muzzi e Cynara Menezes

Colaborou a Redação

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