São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 1994
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Saber, viver

Pesquisa Datafolha publicada ontem informa que saúde e educação, seguidas a distância por segurança e desemprego, são as principais prioridades para o futuro governo do Estado de São Paulo segundo a população. É um elenco que não surpreende; com exceção do desemprego, de caráter mais macroeconômico e estrutural, são serviços públicos essenciais cujo desempenho deixa muito a desejar.
O que chama a atenção, porém, é notar como essas prioridades populares coincidem com os repetitivos discursos de campanha eleitoral, mas contrastam com as atuações da maioria das administrações do país. De fato, o enorme empenho que se verifica há muito, da parte de todo tipo de candidato, em caracterizar-se no horário eleitoral como paladino da saúde e educação choca-se frontalmente com a falta de empenho que se nota da parte dos sucessivos governos na várias esferas do país.
E note-se que não cabe o argumento de que a péssima qualidade de postos de saúde, hospitais e escolas é uma fatalidade da condição de país do Terceiro Mundo. É sim decorrência da opção preferencial por outras áreas de atuação (como obras de maior visibilidade), da falta de um combate determinado à ineficiência e aos desperdícios que varam o setor público e sacrificam o atendimento à sociedade.
Nesse sentido, a recomendação amplamente majoritária de que o próximo governo paulista priorize saúde (63%) e educação (50%) serve como um alerta de que está na hora de uma reversão efetiva e radical de prioridades. Sinalizam que a população quer que os governos deixem de lado tarefas inadequadas assumidas em décadas de distorções e finalmente comecem a se concentrar nas funções que justificam sua própria existência.

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