São Paulo, quarta-feira, 2 de novembro de 1994
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Superoutubro

São Paulo viveu em outubro um mês como há muito não se via –se é que já se viu algum assim em qualquer tempo. Da Mostra Internacional de Cinema ao Salão do Automóvel, passando pela Bienal de artes plásticas, o Free Jazz Festival e o Campeonato Mundial de Vôlei feminino, uma constelação excepcional de megaeventos alterou a rotina normal da cidade, movimentou centenas de milhares de pessoas –dentre os quais muitos turistas– e chamou a atenção para a possibilidade de uma institucionalização do "superoutubro" como marca permanente de São Paulo.
Os impactos da concentração de grandes atrações são evidentes. Especialistas estimam que os turistas que vieram à cidade movimentaram cerca de US$ 2 milhões por dia. Tão importante quanto o aspecto financeiro, muitos megaeventos trazem saudáveis estímulos culturais. São como janelas que colocam o público em contato com formas de produção artística de várias partes do mundo.
Mas um ponto fundamental é o efeito para a cidade como um todo. A soma de acontecimentos num mesmo mês aumenta a atratividade de São Paulo. Assim, se fosse regular e divulgada de modo adequado, essa concentração poderia constituir um grande pólo turístico.
Mais ainda, poderia tornar-se como uma marca para a cidade e mesmo servir para estimular –por que não?– um certo orgulho cívico, particularmente salutar numa metrópole onde a civilidade sucumbe ante a violência cotidiana. Algo como a campanha "I love New York" promovida pela prefeitura local no fim dos anos 70.
É claro que há vários problemas a enfrentar. A mediocridade da infra-estrutura de apoio turístico, por exemplo, ficou patente no mês passado. Além disso, caberia às autoridades a função maior de organizar e promover esse superoutubro.
A prefeitura paulistana, mais próxima do cotidiano do município, é sem dúvida a esfera mais adequada para coordenar uma campanha como essa e consolidar outubro como o mês dos megaeventos em São Paulo. A cidade só teria a ganhar.

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