São Paulo, quinta-feira, 3 de novembro de 1994
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Caminhos da política industrial

LUÍS NASSIF

Esta semana, debate promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Instituto Roberto Simonsen, da Fiesp, permitiu interessante confronto entre as linhas atuais de pensamento industrial.
Numa ponta, existem remanescentes do velho modelo de substituição de importações, que julgam ainda ser papel do Estado a definição de setores prioritários, e seu fortalecimento com subsídios, financiamentos subsidiados e proteção tarifária. Depois dos resultados alcançados pela abertura, parece mais ecos vindo das profundezas do tempo do que um conjunto articulado de propostas contemporâneas.
Uma outra linha –daqueles que acham que o único papel do Estado é preparar o conjunto de reformas da economia– foi bastante mencionada (e criticada), mas não chegou a ser convidada para o encontro, por razões óbvias.
O encontro serviu para confirmar mais uma vez a forte preponderância dos princípios englobados na chamada teoria da integração competitiva –desenvolvida por técnicos do BNDES em 1984, a partir da liderança intelectual do economista Júlio Mourão.
Os princípios estão mais ativos que nunca. Numa ponta, trata-se de estimular as empresas a inovarem, submetendo-as permanentemente à pressão da concorrência externa –conforme salientou o secretário-geral do Ministério da Indústria, Comércio e Tecnologia, Ailton Barcellos.
Cumpre ao Estado também a criação de ambiente econômico competitivo, através do conjunto de reformas que estabilize a moeda, desonere a produção e crie instrumentos de investimento e de financiamento a longo prazo.
Não cabe ao Estado definir setores prioritários e amparar especificamente a quem quer que seja. Mas compete a ele coordenar os agentes econômicos, através de instrumentos como as câmaras setoriais, permitindo racionalização de esforços, integração das etapas produtivas e identificação clara dos pontos que dificultam a obtenção da produtividade.
Notre Dame
A coluna recebe correspondência da seguradora Notre Dame, que atende o seguro-saúde da OAB-SP, com algumas respostas a questões colocadas e que haviam sido deixadas em branco pelo presidente da entidade.
1) Admite que tinha balanço deficitário quando foi escolhida pela OAB-SP. Mas esclarece que era primeiro ano de operação (hoje é superavitário) e que sua credencial reside no fato de pertencer a um grupo forte e com experiência antiga no ramo –a Intermédica.
2) Não desmente o fato do seu plano ser mais caro do que o plano comparado, mencionado na coluna. Mas esclarece que o seu é seguro-saúde, que permite acesso a vários grandes hospitais, enquanto o plano em questão tinha rede própria de hospitais, o que limitaria o atendimento. Além disso, seu plano permite atendimento internacional –o que não é fator relevante de custos.
Ressalte-se que essas características não foram consideradas relevantes por muitos setores da Ordem, para justificar a disparidade de preços. Mas a decisão foi tomada de forma autocrática, sem consulta mais ampla aos beneficiários.
3) Esclarece que seu plano é voluntário e não prevê carências (a não ser para parto) nem limites de idade. E que a relação sinistralidade/prêmios é de 85%, o que demonstraria que o plano não é caro.

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