São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Qual reforma tributária esperar

MARCOS CINTRA

O sonho de uma corajosa reforma tributária está órfão no Congresso: de um lado, estão parlamentares com conceituação ortodoxa sobre o tema; de outro, representantes da "corporação" das Receitas.
A "corporação" proporá uma meia-sola, pois crê que "imposto bom é imposto velho". Proporão soluções que já abortaram no passado: empréstimos compulsórios, sobre grandes fortunas ou sobre patrimônio das empresas.
Alguns defenderão o status quo, com apelos ao combate à sonegação. O setor produtivo terá que arcar com uma carga tributária que não será capaz de suportar. Os adversários do Imposto Único acham que ele foi enterrado nas últimas eleições.
Afirma um ex-ministro da Fazenda que o "povo disse um poderoso não à proposta" do Imposto Único e que "ninguém que tenha defendido esta excentricidade tributária se elegeu para qualquer posto". Em editorial, "O Estado de S. Paulo" afirma que a proposta "verificou-se irrealista, não permitindo ao seu autor eleger-se".
Coloquei o Imposto Único no centro de minha campanha para deputado federal e não obtive a votação para a eleição em minha legenda. As causas do insucesso devem ser buscadas em minhas limitações pessoais. Não aceito imputá-lo a pretenso referendo popular sobre o Imposto Único, que nunca existiu.
Quanto ao deputado Flávio Rocha, pode-se apenas lamentar que tenha sucumbido frente à armadilha montada com objetivos outros que vitimar nossa proposta, mas que levou de roldão todo um trabalho para instalar um novo paradigma para a questão tributária no país.
Cumpre destacar, entre as poucas esperanças, a presença de Roberto Campos na próxima legislatura, tendo-se a certeza de que os princípios que nortearam a construção do projeto do Imposto Único terão, nele, um brilhante defensor.
De onde estiverem, muitos continuarão a defender o Imposto Único. Pesquisa da Fiesp dá conta de que 65% das empresas são favoráveis a ele. Outra, do Conselho Federal de Administração, publicada em setembro último, mostra que 85% dos administradores de empresas apóiam a proposta.

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