São Paulo, quarta-feira, de dezembro de |
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Diagnóstico precoce evita deficiência na criança
JAIRO BOUER
O bebê nasce sem uma enzima do fígado que metaboliza ("digere") o aminoácido fenilalanina. Todo alimento protéico contém fenilalanina. Toda vez que a criança fenilcetonúrica come proteínas, ela acaba acumulando o aminoácido no organismo. O excesso de fenilalanina vai se depositando no sistema nervoso central e causa lesões progressivas. Paula Vargas, pediatra do ambulatório de fenilcetonúria da APAE - São Paulo, explica que o teste do pezinho deve ser feito no segundo dia de vida. Nesse momento, a criança já foi alimentada com leite, alimento rico em proteínas. Se ela não tiver a enzima, o exame acusa níveis alterados de fenilalanina. A criança precisa iniciar o tratamento precocemente (antes dos três meses de vida), para evitar o desenvolvimento de sequelas que podem ser permanentes. O único tratamento eficaz é o controle alimentar. A mãe deve banir do cardápio todos os alimentos que contém proteínas. Qualquer tipo de carne, leite e derivados, ovos, grãos, farinhas, macarrão, pão e praticamente todos os produtos industrializados estão proibidos. A dieta é composta basicamente de frutas, verduras, e legumes. Para obter os demais aminoácidos –essenciais para o crescimento– a criança toma um "leite" artificial, sem fenilalanina. Esse produto não é fabricado no Brasil e tem que ser importado. Segundo Paula, a criança que segue a dieta à risca vai ter um desenvolvimento totalmente normal. Estima-se que no Estado de São Paulo –onde ocorrem cerca de 60 mil partos mensais– nascem de quatro a cinco crianças com fenilcetonúria por mês. Por força de lei estadual e federal, todas as maternidades estão obrigadas a fazer o teste. Para Paula, muitos hospitais não estão seguindo essa norma. A criança não diagnosticada começa a ficar mais "mole", irritada e chorosa. Não consegue firmar a cabeça, sentar ou engatinhar. A urina fica com um cheiro forte. As mães só procuram ajuda quando percebem as alterações. Nessa altura, o bebê já ficou exposto por tempo excessivo a níveis elevados de fenilalanina. Crianças mais velhas –que nunca seguiram a dieta– podem ter retardo mental, desenvolvimento motor prejudicado e alterações significativas do comportamento (isolamento e agressividade). Pesquisas têm mostrado que o fenilcetonúrico deve seguir a dieta durante toda a vida. Os adultos que voltam a comer proteínas podem ter piora da concentração e da memória e uma maior agitação. Texto Anterior: WALTER CENEVIVA Próximo Texto: Associação ajuda pacientes Índice |
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