São Paulo, segunda-feira, 14 de novembro de 1994
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1ª morte é por "vingança"

DA REPORTAGEM LOCAL

A fama dos matadores profissionais das favelas de São Paulo começou nos anos 80, quando personagens como "cabo Bruno", "Chico pé-de-pato", "Índio" e "Rivinha" ficaram conhecidos pelo grande número de homicídios que praticaram.
Cerca de 70 matadores estão presos no Centro de Observações Criminológicas (COC) do Carandiru. Ficam isolados dos demais presos para não serem mortos.
Em janeiro, dez matadores fugiram do COC e cinco continuam soltos, entre eles Joan Felix da Silva (Jonas), que responde a 32 inquéritos e é suspeito de ter cometido 90 assassinatos. Outro que está solto é Manoel José dos Santos, suspeito de ter matado cem.
Segundo o cientista político Guaracy Mingardi, que trabalhou dois anos como investigador policial para escrever o livro "Tiras, Gansos e Trutas", a maioria dos matadores cometeu seu primeiro homicídio para "vingar" a morte de parentes.
Depois de fazer a primeira vítima, eles se tornam uma espécie de "xerifes" e passam a eliminar a quem consideram bandidos. "De início, eles são bem recebidos pela população da favela, que passa a pagar por seus serviços. Desta forma, cria-se o monstro e perde-se o controle sobre ele", diz o delegado Marco Antônio Desgualdo, do departamento de homicídios.

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