São Paulo, segunda-feira, 14 de novembro de 1994
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Porta aberta para a cidadania

CARLOS EDUARDO MOREIRA FERREIRA

A solidariedade humana tem um índice de referência, determinado pela Organização Mundial da Saúde: 2% da população deveria doar sangue regularmente para suprir as necessidades dos pacientes. No Estado de São Paulo ainda estamos longe dessa marca. A defasagem da Fundação Pró-Sangue, órgão vinculado à Secretaria Estadual da Saúde, por exemplo, é de 7.000 por mês.
Atualmente, a entidade coleta 18 mil bolsas, mas pretende chegar a 25 mil para suprir a falta de material na rede hospitalar. A grande maioria dos doadores, cerca de 90%, são pessoas vinculadas às vítimas por parentesco ou amizade. Os restantes 10% são convocados por campanhas de esclarecimento, junto a empresas, sindicatos, associações e pessoas físicas, que se sensibilizam com a permanente carência nesse setor.
Desde janeiro de 1992 até julho de 1994 foram realizadas 141 campanhas nas empresas, com 10.700 bolsas distribuídas para 270 hospitais da rede pública. Dessa doação espontânea, cerca de 80% da coleta é garantida por convênios firmados com sindicatos filiados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O estimulante nesse trabalho social pouco conhecido da Fiesp é que os números apresentados podem aumentar, desde que os empresários continuem abrindo as portas para a Fundação Pró-Sangue.
Sendo um dos cinco maiores hemocentros do mundo e o maior da América Latina, a Fundação Pró-Sangue é de reconhecida competência e tem desenvolvido uma atuação que não interfere nas rotinas do trabalho.
A doação é feita de maneira adequada, com cadastramento prévio dos doadores quando necessário, e em horários especiais.
O importante é que nas indústrias existem doadores já pré-qualificados, com alimentação apropriada e acompanhados pela assistência médica. A entusiástica adesão dos funcionários –que sabem estar participando de uma ação que beneficia a sociedade– e dos empresários –que estimulam a doação voluntária abrindo as portas das indústrias– ajuda a despertar a consciência contra preconceitos.
Doar sangue não faz mal à saúde e não custa nada, mas ainda gera muita resistência. Por isso, temos nos engajado em intensa campanha de conscientização, dividindo os custos de material de promoção com a Pró-Sangue, participando assim ativamente da difusão dos benefícios gerados pela solidariedade.
Esta pode ser medida pelo envolvimento físico dos voluntários, que acorrem ao chamado sem outra intenção do que a de exercer plenamente a própria cidadania.

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