São Paulo, segunda-feira, 14 de novembro de 1994
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E. conta detalhes de tortura no ABC

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto todos os acusados negaram a participação na briga, E.P.S. 14, não se negou a contar tudo em detalhes. Ele falou à Folha, na quadra de seu colégio, na periferia de Santo André.
Folha – Como um Guarda Mirim se envolve nessa briga?
E. – Ah, sei lá. Lá a gente faz trabalho de escritório, de office-boy.
Folha – Como foi a briga?
E.: – Os mais velhos começaram e nós entramos na briga. Éramos 12. Eu também bati. O Reinaldo Malpica foi o primeiro a dar um soco. O D.C.O., 17, deu socos na cara deles. O Ivan também bateu.
Folha – E quem urinou neles?
E. – Foi o André (Vieira da Silva). Ele mijou num balde e jogou na cabeça deles.
Folha – Vocês não tiveram dó dos garotos?
E. – Bati porque é briga de torcida. Todo mundo ficou rindo e os dois nem reagiram. Se a gente estivesse no lugar deles, eles iam fazer a mesma coisa com a gente.
Folha – E os seus pais?
E.: – Meu pai ficou nervoso e me bateu. Meus irmãos me deram uns croques na cabeça. E agora não deixam eu sair nem com os amigos do bairro.

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