São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
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Escritório é suspeito de "armar" sonegação

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A empresa Organizações Excelsior de Contabilidade, do Rio de Janeiro, pertencente ao empresário Luiz Felipe da Conceição Rodrigues, é suspeita de ser o principal elo de uma rede de sonegação fiscal envolvendo cerca de 1.200 empresas.
Esta rede está sendo investigada no Rio pela Receita Federal e pela Procuradoria da República.
Segundo a Folha apurou, Rodrigues é suspeito de ser o responsável pela compra de pequenas empresas em situação pré-falimentar e passar a operá-las através de "laranjas" (pessoas que emprestam seus nomes para operações de outras), praticando fraudes contra a Receita Federal e contra fornecedores.
Conforme a Folha revelou ontem, as empresas são colocadas em nomes de pessoas que, na maioria das vezes, não têm qualquer relação com os responsáveis pelas irregularidades.
São pessoas que perderam ou tiveram seus documentos roubados, entre eles favelados. Um deles ganha um salário mínimo e meio por mês.
Entre os nomes de pessoas "usadas" pela rede de sonegação estão os do radialista Demétrio Pereira Senna e o do operário Rogério Guarani de Souza.
Investigação
A existência dessa rede de sonegadores vem sendo investigada pela Receita desde agosto do ano passado.
No dia 23 daquele mês foi feita uma grande apreensão de documentos que seriam usados para sonegação de impostos em três escritórios de contabilidade, inclusive na sede da Excelsior, localizada na rua Teixeira Soares, 29, praça da Bandeira (zona norte do Rio).
No dia 4 de janeiro deste ano foi aberto inquérito pela Polícia Federal para investigação do caso. Uma semana depois (dia 11), foi tomado o depoimento de Luiz Felipe da Conceição Rodrigues.
Em junho deste ano o inquérito saiu da Polícia Federal e passou para a regional da Procuradoria da República no Rio de Janeiro, que vem mantendo as investigações sob sigilo.
O procurador André Barbeitas, responsável pelas investigações, não quis fornecer nomes, informando apenas que os trabalhos estão em andamento e que não há prazo para uma decisão sobre oferecimento de denúncia à Justiça Federal.
Segundo informação da Justiça Federal no Rio, Luiz Felipe da Conceição Rodrigues já responde a dois processos por sonegação na 13ª Vara e há outros dois em fase de denúncia pela Procuradoria da República.
Ontem, de acordo com informações obtidas no Poder Judiciário, Rodrigues depôs no processo relacionado com a empresa Excelsior Engenharia, Arquitetura e Planejamento Ltda.
O outro processo em andamento envolve a empresa Cibrasa Indústria e Comércio de Tabacos S.A., da qual Rodrigues seria contador.
As fraudes que estão sob investigação envolvem empresas dos mais variados ramos de atividades, principalmente açougues, drogarias e confecções. Há também transportadoras, retíficas de motores e outras.

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