São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
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Premiê critica magistrados

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DO ENVIADO ESPECIAL

"Continuo com a determinação e o meu empenho de servir sempre ao Estado", afirmou o primeiro-ministro Silvio Berlusconi ao sair do Palácio Real, em Nápoles.
À noite, em rede de televisão, Berlusconi disse que só um "claro e explícito voto de censura" do Parlamento o levará a renunciar.
O premiê leu uma carta que seria a de sua renúncia "se algum dia vier a escrevê-la".
A carta contém críticas aos juízes Mãos Limpas, que Berlusconi acusa de agir com "critérios políticos" e através de "chantagem".
"Somos gente séria, que procede do mundo do trabalho e que fez um contrato com o povo para governar a Itália de uma maneira nova. Não cederemos a nenhuma chantagem nem a nenhuma intimidação", disse sobre seu gabinete.
Assim que Berlusconi deixou Nápoles, pelo menos 50 políticos italianos se reuniram para dar declarações sobre o assunto. Estavam divididos e não sabiam se Berlusconi conseguiria chegar ao fim do dia de ontem sem renunciar.
"Berlusconi recebeu apenas um aviso de investigações. Não é uma condenação. Não vejo como isso possa influir na sua credibilidade, na credibilidade do governo e na luta contra o crime organizado", disse o vice-presidente do Conselho de Ministros Roberto Maroni.
Ersília Salvato, do Partido da Refundação Comunista, pediu a renúncia imediata de Berlusconi.
"Qualquer pessoa investigada pela Justiça deve colocar o seu cargo à disposição, para ficar à mercê das investigações da Justiça", disse Ersília. "Não se faz política guardando no bolso um recibo de investigações criminais".
O deputado Pierluigi Petrini afirmou que Berlusconi cometeu "um delito grave, que tem de ser investigado até o fim".
O presidente da Liga Norte, Umberto Bossi, considerou que Berlusconi deveria ficar no cargo.
"É normal que ele não se demita. A notificação judicial é um elemento que revela que algo tem que ser investigado e verificado".
A Liga Norte faz parte da coalizão de governo, mas Bossi critica tanto Berlusconi que é chamado de líder da oposição. (CJT)
Com agências internacionais

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