São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
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Investigação mudou Itália

DA REDAÇÃO

Os negócios da família Berlusconi estão na mira da Operação Mãos Limpas desde fevereiro passado.
Paolo Berlusconi, irmão do primeiro-ministro, já esteve duas vezes em prisão domiciliar e é réu em três processos diferentes.
A operação é uma extensa investigação de corrupção que mudou o cenário político italiano.
Tudo começou com a prisão de um funcionário do Partido Socialista em Milão, detido em flagrante quando recebia propina.
A prisão revelou o envolvimento de parte dos membros dos Partidos Socialista e Democrata Cristão em esquemas de corrupção.
O juiz Antonio di Pietro –responsável pela operação– e seus colegas ganharam celebridade ao se utilizarem largamente do recurso da prisão preventiva.
A lei italiana permite que uma pessoa sob investigação seja presa mesmo sem acusação formada.
Milhares de políticos e empresários foram detidos e fizeram denúncias. Foram abertos mais de 7.000 processos.
O maior personagem já condenado por investigações de corrupção foi o socialista Bettino Craxi.
Três vezes primeiro-ministro da Itália, Craxi foi condenado a oito anos e seis meses de prisão por ter recebido US$ 7 milhões em 82.
Entre os empresários, também foram condenados altos executivos da Fiat e Olivetti.
Os partidos socialista e democrata-cristão foram tão atingidos pelas investigações que não disputaram as eleições de março último.
Silvio Berlusconi venceu depois de apenas três meses de militância na política.
Sua convivência com a Operação Mãos Limpas não tem sido fácil. O momento mais tenso ocorreu em junho, quando o premiê decidiu propor que o crime de corrupção fosse retirado da lista dos que são passíveis de prisão preventiva.
O juiz Di Pietro ameaçou pedir afastamento do caso. Berlusconi ameaçou convocar eleição se seu projeto não fosse aprovado.
O projeto foi retirado depois de algum tempo sem que Berlusconi tivesse convocado eleições nem Di Pietro pedido seu afastamento.

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