São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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Economistas e empresários divergem sobre o prazo para fim da correção

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os planos do governo para pôr fim à indexação da economia contam com a aprovação unânime de economistas e empresários ouvidos pela Folha. Há divergências apenas quanto ao cronograma mais adequado.
O deputado Roberto Campos (PPR-RJ) diz que o Fernando Henrique Cardoso deveria anunciar, no dia mesmo de sua posse, a desindexação total da economia.
"O anúncio precisa ser acompanhado de medidas para aumentar a confiança na capacidade do governo de pagar suas dívidas", afirma.
Para Campos, essas medidas seriam a conversibilidade plena do real, inclusive com a permissão para a abertura de contas em moeda estrangeira no país, e um programa de privatização.
Afonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, diz que estranha a atual discussão sobre a desindexação porque depois da entrada do real "sobraram apenas pequenos pedaços de indexação".
Pastore condiciona a antecipação do fim do IPC-r, previsto pela MP do real para julho de 1995, à queda da inflação.
José Carlos de Souza Braga, diretor do Iesp (Instituto de Economia do Setor Público), diz que a desindexação é uma questão "inequívoca" para a estabilização.
Braga acha que o governo poderia aproveitar a queda da inflação para montar uma política de coordenação de preços e salários nas câmaras setoriais.
Carlos Geraldo Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da FGV (Fundação Getúlio Vargas), diz que a desindexação deve vir acompanhada de medidas de consolidação do real. Sugere, a curto prazo, o corte de despesas governamentais, e, a médio prazo, a reforma fiscal.
"A substituição da indexação compulsória e automática pela voluntária deve vir depois da queda da inflação para 1% e das reformas estruturais", afirma. Para ele, a desindexação é "inviável" com inflação acima de 3% ao mês, porque há reação sindicalista.
Mario Bernardini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), acredita que o problema da desindexação terá de ser resolvido pelo futuro governo. Ele diz que a Fiesp vai levar ao presidente eleito sugestões de "medidas compensatórias", principalmente na área tributária.

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