São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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Extinção do IPC-r terá oposição de sindicatos

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O fim da indexação dos salários só pode ser pensado quando a inflação estiver efetivamente zerada ou estacionada em taxas mensais inferiores a 1%. Antes disso, o meio sindical brasileiro não quer nem pensar no fim do IPC-r, o índice que recompõe aos salários as perdas inflacionárias.
"O governo precisa primeiro acabar com a inflação. Se extinguir o IPC-r agora, a gente reindexa com outro índice", diz Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Posição semelhante tem a CUT (Central Única dos Trabalhadores): "Acabar com o IPC-r é mais um passa-moleque do governo, que não vamos aceitar", diz Remigio Todeschini, tesoureiro da CUT Nacional.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Heiguieberto Navarro, o Guiba, a proposta do fim do IPC-r é "um golpe do governo". "A inflação está crescendo e precisamos de mecanismos para medir suas perdas."
As centrais sindicais CUT e Força Sindical prevêem ondas de greves caso o governo leve adiante a proposta de terminar com o IPC-r antes de julho de 1995.
"Vamos cobrar a reposição do salário e para isso fazemos greves e paralisações", diz Todeschini.
Os sindicalistas prevêem também uma queda de braço para saber qual novo índice poderá reajustar os salários: "Os empresários vão querer o índice da Fipe e a gente o do Dieese", diz Paulinho.
Negociações
Nas negociações sobre o fim da indexação da economia, Luiz Antônio de Medeiros, presidente da Força Sindical, acena com a livre negociação como o instrumento que pode ser conquistado pelos trabalhadores para recompensar suas perdas salariais.
"Mas precisamos de garantias de que empresários e trabalhadores irão negocia em pé de igualdade. O operário precisa saber que não será demitido por lutar por aumento", diz.
Medeiros afirma que a atual legislação não garante a livre organização dos trabalhadores nas fábricas. Como exemplo, ele diz que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) não prevê a existência das centrais sindicais.
"Uma nova lei precisa ser negociada no Congresso, com os sindicalistas", afirma.
Guiba, dos metalúrgicos do ABC, critica a livre negociação entre patrões e empregados. "Livre negociação, hoje no Brasil, só é válida para as categorias fortes." Para ele, é preciso pensar em medidas que protejam os trabalhadores da inflação.

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