São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994 |
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Ruths consagram estilo da primeira-dama
CYNARA MENEZES
Enquanto a original fugia do assédio da imprensa, dezenas de quase sósias –como a socióloga e sempre ministeriável da Cultura Aspásia Camargo– circulavam pelos corredores. Ruths gordas e magras, jovens e velhas, altas e baixas, ruivas e morenas e até de permanente no cabelo, sempre curtíssimo, vinham de toda parte: de São Paulo, da Bahia, de Santa Catarina. Mudava a armação dos óculos, algumas preferiam os tênis às sandálias –nunca de salto–, mas o estilo Ruth era o mesmo: brincos pequenos, relógio de pulseira fininha, colares de bijuteria. Elegância despojada. "Somos muito mais bem vestidas hoje que há vinte anos", diz a cientista política gaúcha Celi Regina Pinto, 44, ela própria uma Ruth "pela praticidade". Segundo Celi, "seria impossível ter um cabelo que tivesse que cuidar" na correria em que vive. Para a antropóloga maranhense Mundicarmo Ferretti, 50, o surgimento de uma primeira-dama cientista social e com o estilo parecido com o dela foi um achado. Cabelo curtinho "A minha família, que nunca valorizou minha profissão, passou a ter orgulho, e ainda diz que sou parecida com ela", conta a intelectual maranhense, explicando que optou pelo cabelo curtinho "porque é mais fácil de pintar". Autora de um trabalho de doutorado sobre a profissão de cientista social, a socióloga Maria da Glória Bonelli, 37, explica o fenômeno como uma espécie de simbiose (associação e entendimento íntimo entre duas pessoas) existente em diversas profissões. "Os engenheiros são parecidos, os médicos também. Isto faz parte da vida em sociedade, acontece com quem partilha coisas comuns", diz. O também sociólogo Flavio Pierucci vai mais longe. Pierucci leciona na Universidade de São Paulo, na mesma escola de Ruth. O sociólogo prevê que além do efeito Fernando Henrique entre os homens também vá surgir um efeito Ruth entre as mulheres. Ou seja, acha que daqui a algum tempo vai haver uma legião feminina de óculos e cabelos curtinhos. "Já está acontecendo. Outro dia vi uma mulher no "Topa Tudo por Dinheiro", do Silvio Santos, que era a cara da Ruth", diz. "Só espero que as mulheres fiquem também mais feministas e informadas como ela". Texto Anterior: Extinção do IPC-r terá oposição de sindicatos Próximo Texto: FHC consolida base de apoio no Congresso Índice |
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