São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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Complicações

DEMIAN FIOCCA

O acúmulo de 19% da inflação medida pelo IPC-r dá ao governo duas alternativas desconfortáveis.
Se os reajustes salariais forem mantidos nas datas-base, os reajustes do primeiro semestre poderão ser da ordem de 30% a 40%. Se a reposição das perdas for adiantada para janeiro, aproximadamente metade dos assalariados terá aumento em uma mesma data. Nas duas hipóteses criam-se pressões adicionais por indexação.
Os preços industriais já estão novamente indexados, segundo José A. Pena, do Banco de Boston. Assim, em vez de alguns grandes aumentos isolados, a inflação passa a refletir um movimento mais geral –e resistente– dos preços.
Mauro Schneider, do banco ING, aponta a "inflação gregoriana": quando o calendário chega em janeiro, o comércio precisa repor estoques e, assim, a indústria ganha poder para elevar seus preços. Os fornecedores procuram eliminar arestas, corrigindo para cima. Ademais, qualquer troca de governo inspira uma atitude preventiva. Sobem os preços.
O alto nível de reservas internacionais, a credibilidade e o poder político do futuro governo dão-lhe instrumentos para defender o processo de estabilização. Mas nos próximos meses haverá tensões.

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